terça-feira, 25 de dezembro de 2007
Letras tolas
de que vale?
Alegria efêmera
que se esvai.
Tristeza, sim.
Tristeza.
Por toda a irresponsabilidade
Pela falta de sentimento
Pelos corações e mentes mal resolvidos
Pela injustiça humana
e pela injustiça do acaso, a quem não se pode atribuir culpa.
Tristeza, por viver em um mundo cruel.
Que nos atropela e não tem piedade.
Que nos faz sorrir e chorar a seu bel-prazer.
Tristeza pela injustiça, que só com muita calma, cabeça no lugar, respiração profunda e muito esforço conseguimos reparar.
Pois a vida não precisava ser assim.
Mas precisamente, é assim que é.
Uns se entregam, outros enfurecem.
Uns desesperam, outros enlouquecem.
Uns sequer percebem, outros acham normal.
E outros sentem. Sentem fundo. E passam a jogar letras tolas num papel.
sábado, 22 de dezembro de 2007
Meu estado: de graça!
O hoje foi melhor do que ontem
O amanhã será melhor do que hoje.
Viver com essa perspectiva me faz bem,
Por mais que eu saiba que ainda hei de sofrer.
Muito, e por mais que eu não queira.
Somente a possibilidade do amanhã, me reanima.
Deixo estar então...
Mas nunca deixo de acreditar.
Graças...
Agradeço, a quem possa ser responsável por elas.
Vivo em estado de graça.
Mas não em eterna gratidão.
Graças!
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
Esta noite...
Noite vem. Noite vem.
Escuridão
Palco do meu espetáculo.
Palco dos meus altos e baixos.
Noite vem,
Abraçar-me com seu tentáculo.
Criar e romper alguns novos laços
Me apresentar e impor novos passos.
Noite adentro, vou assim.
Sem saber ao certo a cor do que pulsa em mim.
Noite afora, me perdendo,
Na vida, no mundo, em bons e maus momentos.
Noite vai. Noite vai.
Me bate, arde, empurra e sai.
Noite vai, devagar.
Eu na noite à vagar,
Mais um dia a clarear.
Noite acaba. Dia sai.
Imensidão.
Palco do meu recomeço.
Palco dos meus tombos e saltos.
Dia sai. Vem.
Amo acima de qualquer preço.
Verso e inverto meus baixos e altos.
Sol a pino, a tarde cai.
Machuca, arde, a tarde cai.
E tenho cólicas de melancolia.
Tenho saudade do próximo dia.
Tarde cai, devagar,
No fim de tarde, a divagar
E ver a noite aproximar.
Devagar.
Noite vem, noite vem.
E não começa tudo de novo.
E não encerrara nada.
Noite cai: encruzilhada.
E já nem sei se sou galinha ou ovo.
E já não sei se sou governo ou povo.
A noite vem,
Eu vou também
Que esta noite seja para o bem!
---
Dica: série do YouTube - Tales of Mere Existence.
Mais vídeos nos próximos posts...
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
Em tempos de aquecimento global...
Beth Moreira
A Volkswagen prevê fechar o ano com crescimento de 33% nas vendas no mercado interno em relação ao ano passado. Isso significa encerrar 2007 com vendas de 526 mil unidades de automóveis e comerciais leves. A expectativa da montadora é atingir este ano uma participação de 23,3% no mercado, ficando em segundo lugar, atrás da Fiat.
Segundo o presidente da Volks no Brasil, Thomas Schmall, a empresa deve definir no primeiro trimestre quanto e de que maneira elevará sua capacidade de produção no País. Segundo o executivo, os planos são de elevar em mais de 20% a capacidade atual. Schmall reiterou que a empresa estuda duas alternativas para elevar a produção: um aumento interno da capacidade ou por meio de uma parceria com outra montadora que tenha unidade produtiva com capacidade ociosa.
Juntas, todas as unidades da Volks têm hoje capacidade para produzir 720 mil unidades por ano, o que mostra que a companhia está muito próxima do seu limite - já que em 2007 deverá produzir 685 mil unidades. Executivos da companhia evitam, no entanto, falar em desabastecimento. A previsão do presidente da Volkswagen é de que o mercado registre aumento de 15% nas vendas de automóveis e comerciais leves em 2008, ao mesmo que tempo que elevará sua produção em 10%.
O executivo fez questão de ressaltar que a empresa fez um grande esforço de crescimento este ano, aumentando turnos e jornadas, refazendo planejamento e contas de forma a atender ao aquecimento de demanda. "Um crescimento que ninguém, nem o mais otimista de nós, conseguiu prever."
"Intensificamos o que já vinha sendo feito desde a reestruturação iniciada no ano passado e utilizamos a flexibilidade conquistada nos acordos com os trabalhadores para elevar a produção e, assim, aproveitar esse bom momento do mercado", disse. Schmall admitiu, no entanto, que não é fácil crescer tão depressa, ainda mais quando a empresa estava preparada para menos da metade da demanda deste ano.
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
Nada...
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Dividido
domingo, 25 de novembro de 2007
Hoje
Navegar sem ter para onde ir, na internet, acendeu em mim o fogo da curiosidade.
O mundo todo, literalmente, a poucos cliques. Criatividade e acesso, sem limites. Pessoas inundando a rede com conteúdos próprios, sem pedir qualquer coisa em troca.
Deve ser a tal ânsia de existir.
Deve ser aversão à solidão.
Deve ser o sintoma da multidão, que nos ignora!
"Olhe outra vez o rosto na multidão.
A multidão é um monstro sem rosto e coração.
Em São Paulo, terra de arranha-céu
A garoa rasga a carne, é a torre de Babel."
(Racionais Mcs - Nego Drama)
Racionais Mcs - Clipe Nego Drama - Ao vivo
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
Montanha Russa
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
... para quê? E um bom dia!
Para me sentir vivo.
Para fingir que a vida faz sentido.
Para lhe dar sentido
e para lhe sentir.
Para me espelhar, em algum canto.
Para eternizar um momento efêmero.
Para gritar, em algum canto.
Um grito sem voz, um choro sem pranto.
Só para me libertar.
Para ter certeza de que sou imprevisível.
Para prever,
Para sonhar o impossível.
Para mentir,
e achar que sou imprescindível.
Para virar, me revirar, me expor do avesso.
E refletir o meu brilhar que dói por dentro.
Para sentir a vida,
para lhe dar sentido.
Para dizer o avesso daquilo que eu digo mentindo.
Não para ser, nem sonhar ser,
o dono da verdade.
Nem para ser, espelho do sonho,
avesso da realidade.
Só para estar, em algum lugar, com algum ponto de vista.
Só para extravasar,
ora aqui, ora acolá,
o que meu coração conquista.
E que os olhos, que por aqui passam,
sintam-se, ao menos, um pouco mais sensíveis.
E que os peitos, que por aí pulsam,
Que por aí batem, apanham e infartam,
derretam só um pouco daquele conhecido gelo.
Que nosso olhar hipócrita e indiferente,
seja o oposto do nosso peito em chamas.
Que nosso coração incandescente,
Nos revele a contragosto o que a alma clama.
E que nada disso,
e tudo disso,
mude o curso do seu dia a dia.
Só para eu saber que existo.
Só para me dar sentido.
Só para me dar um norte.
Só pra me livrar da morte.
E que tudo e nada se misturem.
Revelando que, na verdade, lá no fundo,
esta é a exata dimensão da nossa miserável existência.
Que tudo e nada, se anulem.
Anulando nossa luta pra sobreviver,
Se eu estou só, não está certa, esta distância
Que se unam, pois, as línguas e bocas.
Que eu vire pó, que eu vire merda, excrescência.
Que adubemos nosso chão sob estas moscas.
E que tenhamos, todos, afinal, um belo dia.
sábado, 10 de novembro de 2007
Reescrevo
Escrevo sobre o atemporal,
Sobre o temporal que devasta meu peito,
Quando cada amor se desmancha
Quando cada paixão desencanta.
Canto sobre tudo isto,
Sobre nada.
Sobre o reinício,
Sobre a vida destroçada.
Falo sobre a poluição em nossas mentes
Sob a poeira, sobre nossas cabeças
Homens velhos e sujos
Falo sobre dióxido de carbono
Falo sobre noites sem sono.
Falo do encontro e do abandono.
Falo do cão de guarda, do bicho sem dono.
Falo em estéreo e em mono
Entro por um ouvido, saio pelo outro.
Fim de papo, Fim de conto.
Recomeço
Em todo lugar, informação.
A mim, então resta o revide a provocação,
a resposta para dar,
o fazer eco a um coração.
Ao meu.
Meu coração ecoa tudo isto,
Tudo que vocês me atiram na cara.
A verdade crua,
A espontaneidade nua,
A concentração de poder,
A arrogância ilimitada,
A delicadeza insegura
A firmeza ilusória,
Tudo aguardando resposta. Uma resposta à altura.
E de repente, esta fuzarca na minha frente.
Esse desfile de carnaval.
E toda minha insegurança me sobe à face.
Sinto a alma nua,
A espontaneidade dura.
O poder de concentração, dispersar.
A firmeza, limitada.
A arrogância, insegura.
Volto ao meu lugar.
Ao meu.
...
E meu coração deixa de ecoar.
Vive apenas pra bater sem apanhar.
E o monte de informação que me aflige, fica sem resposta.
Ou fica só com uma resposta torta. Como minhas idéias.
É abstrato, sim. E daí?
Não importa mesmo o que digo ou o que falo...
O que importa é o espaço em que calo.
Onde as idéias vibram em ebulição.
Onde o peito vive em erupção.
E meu calor me queima por dentro.
Eu revido e me viro ao avesso.
Me reviro, troco o nome e o endereço.
Estou vivo, e isso é só o começo.
E daí?
terça-feira, 23 de outubro de 2007
Frio
Escrito originalmente em Washington DC, num domingo, em 21 de janeiro de 2007
Neve.
Faz frio de novo lá fora.
Será assim. Assim será. É inverno.
Recolho minhas folhas verdes e cultivo minhas raízes, minha estrututra.
Quero sair lá fora. Em casa é verão. Em casa é hora de quebrar a cara! Em casa é hora de se expor e buscar mais energia. Mostrar a todos minhas folhas verdes, minhas flores coloridas, refletir o sol.
Mas eu não estou em casa. Eu sei que não estou em casa, mas no meu peito há verão, há calor, há vida borbulhando, esfriando na frieza dessa neve, congelando no gelado desse povo gélido.
No meu peito, é verão. Mas aqui meu peito pulsa só, bate meio fraco, meio triste, meio torto.
No meu peito é verão, Mas aqui não há boca que receba meu sorriso, palavra doce que acaricie a minha alma, lábio que receba meu calor.
Aqui, não há dor que possa ser compartilhada. Minha dor dói fria, como o tempo lá de fora, que passa dolorosamente devagar. E que voa e me lança de um canto a outro sem pedir permissão. Que me leva à neve e ao fervor, de uma hora para outra, indolor, calorosamente.
Aceito a vida, então. Aceito que a sua regra seja sempre exceção, sempre distinta, sempre impressionante e espontânea, sempre viva. Aceito meus quiques em todos os cantos do mundo, com olhos atentos para o que cada canto me conta. Com coração aberto pra explodir em calor, com olhos curiosos de olhar tantos olhos diversos, tantas cores escondidas, de ouvido atento para tantas vozes sem nome, cheias de histórias que jamais serão minhas, que já são.
Histórias de cada um, afinal, a nossa história.
Aceito o que o destino me apresenta. Mas não sem lutar ferozmente pelo que julgo ser certo, pelo que julgo ser o melhor para mim. Não sem lutar contra mim, quando sou eu que quero meu mal. Isso eu não aceito.
No fundo, no fundo, eu só queria retribuir um sorriso. Lá no fundo, eu só queria um beijo doce e, em meio a tanto frio, um pouco de calor humano. Deve fazer verão, ainda que fora de época, em algum outro coração.
Quero me queimar. É isso que quero. Quero arder em brasa. Ai, que saudade de casa.
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
Somente Versos
Verso avesso ao vício,
Verso bobo,
Verso caro,
Verso triste,
Verso só
Verso a vida
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
Liberdade e Informação
E o blog acrescenta assim mais um propósito: palpitar sobre a vida dos outros.
Como disse Saramago, não nestas palavras: se eu moro neste mundo, posso opinar sobre tudo o que se passa nele. Forgado ele. Forgado eu!
100...
São 100 visitas realizadas.
Provavelmente, 99 minhas e uma de algum perdido.
Vamos que vamos...
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
Só na solidão
Sei que as palavras
e o que digo
repercutem.
Sei que minhas mágoas
e o que sinto
há quem escute.
Mas sei também, que mundo afora, há crueldade,
a vida é dura. A nua e crua: realidade.
Para o meu bem, existe a hora, da alegria
e há dor pura, de amargura e nostalgia
Se repercute e há quem escute, estes meus gritos
Me insatisfaz que sejam letras e não berros
À conta-gotas, teclo meus dias aflitos
À contragosto, calo a voz e desespero
Desesperar, para esperar dias melhores
Desatinar, para atentar a outras cores.
Desmantelar, o que me faz mantê-la viva
Desescrever, a história viva e suicida.
E escrever, pra que meu grito não ensurdeça
E esperar que um novo dia amanheça
Recuperar o tino, o norte e a cabeça.
Remartelar, para que eu nunca mais me esqueça
A vida é dura, não abaixe tua defesa,
Seja fraco, só se for na solidão,
Seja guerra, seja luta e fortaleza.
Se vacilar, te atropela a multidão
Essa é a vida negão.
Hipócrita.
Explodir?
Nessas horas,
ou eu falo, ou explodo.
Ou liberto em voz, em letras, algumas palavras.
Ou vomito palavras de ódio por todos os cantos
em cima dos outros
dos que merecem e não merecem.
Há horas,
em que é preciso parar.
Porque continuar é como ir parando aos poucos.
Continuar é rumar para o abismo
Há horas,
em que é preciso mudar.
Pois a rotina entediante nos vicia.
Pois a força dos acontecimentos nos atropela
pois as mentes vagabundas não nos ajudam.
E nos puxam para baixo.
e nos matam a alma,
e nos sugam o sangue,
e nos roubam a calma
e depositam sobre nossos ombros todo peso que não podem carregar.
Nem eu poderia.
Há horas e horas.
Chega a hora do CHEGA!
E é preciso dar um basta!
Mas o limite já estourou, está esgotado, transbordou.
E o vômito vai borrar os quatro cantos do meu imaginário.
Nessas horas,
ou eu falo, ou explodo.
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
Vida segue
Parte de que sou metade
Meta de que sou parte
Parte que parte o coração
Verdade que sangra emoção
Ver no dia, o que a noite esconder
Esconder no dia-a-dia, o fim da noite
Lembrar que a vida, é de ganhar e de perder
Que a ferida, é de açoitar e ser açoite
Ver na noite, o que não reluz no dia
Ver que a tarde, dói a dor da nostalgia
Esquecer de vez em quando, do que dói
E ver que arde, um duro pranto, que corrói
Vira a vida, vira a página
Viravolta, vida torta, viro lágrima
Sem sentido, pode ser, mas com sentir.
Só faz sentido, pode ser, sem onde ir.
Sim, sinto,
Não minto
Quando me olha o olhar de dor,
Desdenho e finto.
Nessa finta, vive só a hipocrisia
De não saber se o que quero é tarde ou dia
Por mais que eu minta, tudo que eu mais queria
Era parar e apreciar a noite
Esquecer, só uma vez dessa rotina
dessa dor, de açoitar e ser açoite
e do rancor e mágoa daquela menina.
A vida vem, vai tudo bem, a vida passa
Que tristeza quer o dia que se vai.
Abro um sorriso, pois de novo o dia vem
A tarde vivo, choro quando a noite cai.
Mas tudo bem.
O que importa, não é ser forte.
O que importa, não é sorrir.
O que importa, sim: fugir da morte,
da dor de ir vivendo achando que morri.
O que importa, então, não sei de nada
A vida me apresenta, então, encruzilhada
E já não sei que passo tomo nessa estrada
Em que jardim, enfim, derrubarei minha lágrima?
Só sei que espero, que lá existam cores
Que seja um campo lindo e lotado de flores
Onde não rimem o amor com tais palavras
Onde o que dói, não seja a dor ignorada
A realidade é que este campo, não é aqui
Que este jardim, é um mistério de encontrar
Olho ao redor e não adiantará fugir
Todos os olhos seguem a me vigiar
Olhos azuis, olhos castanhos, coloridos
Verde do mar, que esconde um peito doído!
Mas nestes olhos, não há espaço pra tristeza
Olhares reis, olhos de príncipe e princesa.
Besta eu, querer entrar pra realeza,
Esqueço as leis, e reconheço minha fraqueza.
Afinal, o que dizer, pois, afinal?
Viver a esperar da vida algum sinal?
Prefiro ser, sofrer, burlar todas as regras.
Pra ver se surge alguma luz que enfim me cegue
Porque o amor, e também a paixão é cega
E na escuridão, sem cor nem flor, a vida segue.
Minuto
Minuto a mais
Minuto a menos
Minuto que se foi embora
Vida viva
Vidaloka
Vida chora
Minuto que se extinguiu
Vida que desmoronou
Minuto que desmilinguiu
Vida que se acabou
Vida vivida em vão
Minutos atrás da fama
Vida sem solução
Vida que vai na lama
Vida, minuto,
Tempo, espaço.
E o que faço?
Segundo que corre
Hora que vai
Dia que nasce
Noite que cai
Espero, espero
Desespero
Escuto, escuto
Desiludo, só perdi mais um minuto.
sexta-feira, 10 de agosto de 2007
Ter ouvidos
Dia vem e dia vai
Dia que nasceu em mim, e que não sai
Noite que me escureceu a vista.
Do amor que foi e volta e me conquista.
Neblina que me corta a carne.
E que de dor me cega a mais de um palmo
Pôr do sol, cheiro de final de tarde,
Que me excita, me eleva e deixa calmo
Vento suave que me cobre o rosto
que com dedos leves lava meu desgosto
Ar parado a que me entrego e que me empesta
Ar que sufoca e que devora o que me resta
Noite de chuva que me lava a cara,
Noite bruta, que esconde a dor,
Chuva que esconde a lágrima,
Madrugada que me afunda em torpor
Hora aflita, que de raiva, me enche a cara,
Poema bruto, que esconde o rancor,
Tempestade que enxagua lástima,
E leva ao ralo o que de mim sobrou
Gota colorida, que escorre a face,
Evapora e se transforma em arco-íris,
Sol e chuva, brincadeira e casamento,
Coração de esperança e pensamento
Tempo vira, tempo muda, tempo passa
Dia nasce, tarde cai e noite morre,
Um dia venço e no outro, viro caça
De dia riso, a tarde choro, a noite corre,
Não sei se rio ou choro um rio - e a vida foge.
Se a vida vira, a vida muda, a vida passa,
já não me importa se sou caçador ou presa.
O que me aflige é que a vida perca a graça,
Vire rotina, rota torta e sem surpresa.
Por isso canto um hino aos dias sem sentido,
e à palavra, rima e rumo, reprimidos.
Eu me liberto, vou pra rua e solto um grito,
Mas em meu mundo, em meu bairro - sigo aflito,
Ao que parece, poucos sabem ser ouvidos.
quinta-feira, 2 de agosto de 2007
Voltas e Rodas
Dança
Dança uma vez, em volta do meu corpo
Dança e me encosta, toca no meu rosto
Dança e me envolve com teu cheiro e gosto
Canta
Canta um baile doido, roda em sete voltas
Canta e volta a mim e por favor me acossa
Canta e solta o laço, me enlaça e enrosca
Roda,
Roda mundo afora nesse baile louco
Roda a minha vida, viva a minha volta
Roda o mundo, a roda, neste verso torto.
Volta,
Volta a minha vida ou me deixe louco
Roda a minha volta, volta só um pouco
Dança só um baile rente ao meu rosto
Canta outra noite, mata meu sufoco
Canta
Roda,
Dança
Volta
Chora,
Chora essa gota de sorriso frouxo
Chora essa represa de dor e sufoco
Chora o rio de mágoa represado em olho
Arde,
Arde em chama, em dor, em cor, em luz
Arde nesse fogo, explode em meu calor
Arde o canto louco de quem te seduz
Sonha,
Sonha que sem sonho a vida vale nada
Sonha com meus braços envolvendo os seus
Sonho os corações em uma só toada.
Vibra
vibra em carne e osso, afasta o desgosto
vibra o meu calor ao lhe subir o rosto
vibra a sensação do amor pelo outro
Chora,
Vibra o coração em cor, em chama, em luz
arde em meus braços, olha-me no olho
Sonha em carne e osso, beija-me o rosto
Chora um rio de lágrima e sorriso louco
Chora,
arde,
vibra,
mas sonha, que sem o sonho a vida é nada!
sábado, 21 de julho de 2007
Vi – me pa ba.
Escrito originalmente em 23 de fevereiro de 2007 (com alguns retoques)
Boa noite,
Boa noite, como está?
Vamos indo...
Indo a algum lugar especial?
Não exatamente.
Como assim, então, vamos indo?
Vamos indo, você sabe.... Quando dizemos que estamos indo na realidade a gente não está indo à lugar algum. Na verdade estamos inertes, parados, simplesmente esperando alguma resposta da vida.
Resposta pra que pergunta?
Pra pergunta: onde devo ir?
Então você está me dizendo que quando você está indo você na verdade está sem saber para onde ir? Que você está esperando uma resposta da vida? Mas a vida nos dá a resposta? A vida nos dá a direção?
A vida aponta alguns caminhos, sim. Justamente quando achamos que estamos no caminho certo, vem a vida e vira a vida de baixo pra cima, de cima pra baixo, e eu me perco, e eu acho, e eu sigo na vida, às vezes indo a algum lugar especial, às vezes simplesmente indo, porque parados não podemos ficar.
Bem, até que podemos. Mas a vida não é assim. A vida acontece no caminho. E o caminho só existe quando o trilhamos. Então acho melhor eu ir indo mesmo que eu não saiba aonde ir.
Já vai? Porra. Agora que eu tava entendendo esse lance do caminho.
Não babaca, foi modo de dizer.
Ah... modo de dizer... Louca essa vida né?
Essa que todos nós vivemos, nos matando pra viver.
Um pouco paradoxal, não? Se matar para viver.
É o dilema da vida.
E da morte?
E da morte. Morrer para viver, viver se matando, matar ou morrer... por aí vai indo.
Indo aonde?
A lugar nenhum, foi só modo de dizer.
Não entendo. Pra que viver se matando? O pessoal não aprendeu nada com aquela história do tome gravata? A galera vive muito na filosofia do “time is money”.
É, são os tempos modernos!
Do Chaplin?
Não quis dizer isso. Mas o do Chaplin ainda serve.
Pois é... vivemos matando um leão por dia para roer um osso no jantar.
Porra... Come o leão né meu irmão.
Porra babaca. Foi modo de dizer.
Eu sei bobão. Tô falando que a gente merecia uma carninha de leão.
Merecer todo mundo merece.
E aí?
E aí que a vida não é assim?
A vida é ir tomando no rabo e indo?
É...
É o caralho. Vou ir indo e sorrindo? Nem fudendo. Aliás, quem inventou essa merda de ir indo. Puta frase de merda.
Devem ter sido os caras do telemarketing.
Pois é. Devem ter aprendido com os gringos. I will be going.
Mas se você ainda vai estar indo, você está fazendo o que?
Você está fazendo porra nenhuma. Você tá parado e a vida tá passando bem diante dos seus olhos.
Então esses putos do telemarketing tão sempre me enganando?
Como assim, tá maluco cara?
Porra. Os caras vão sempre estar providenciando, estar fazendo, estar encaminhando. Na verdade eles não estão fazendo porra nenhuma.
Mas vão estar.
Mas não estão porra. Resolve logo a merda do meu problema.
Mas será que eles sabem onde ir?
Mas não era indo que se descobria onde ir.
Pois é. Dizia o poeta que "um passo e você já não está no mesmo lugar".
E dizia também que "eu me organizando posso desorganizar".
Besta é tu. Depois você organiza de novo.
Grande bosta. Só gera retrabalho.
Grande bosta??? Porra. Você não entendeu nada? Você organiza de um jeito melhor.
De um jeito em que eu não precise me matar pra viver?
Pode ser. Mas seria melhor de um jeito que ninguém precisasse se matar pra viver...
Tipo, que todo mundo vivesse pra viver?
É. Seria, no mínimo, interessante. Mas como seria se a gente vivesse pra viver?
Ah... Seria bom. Primeiro a gente pararia de fazer coisas estúpidas.
Coisas estúpidas.
É, do tipo trabalhar que nem um filho da puta pra atrasar a vida dos outros.
Sei, tipo trabalhar na Telefónica.
Ou na Veja.
Puta, essa é foda.
É. Essa é uma merda.
Depois a gente passaria a fazer coisas produtivas, trabalhar com coisas realmente importantes e se importando com aquilo que realmente importa.
Pois é. Mas se você vai por esse caminho, a vida aponta a direção.
É, vou estar indo.
Ixi, tá com mal de telemarketing. Desse jeito você não vai a lugar nenhum.
Nem a vida me aponta a direção?
Tá pensando que a vida é guia de turismo, que vai passar com a bandeirinha e te empurrar pra dentro do bonde? A vida é dura meu caro. Se você perder o bonde, tá fudido.
Pois é. E com esse transporte público, a gente até cansa de esperar.
Vidaloka, mas sensata.
Loucos somos nós. Nós que enlouquecemos a vida.
Verdade, vou estar indo.
Para com isso, vai logo de uma vez e para de me enrolar.
Verdade, vou nessa, esperar a vida apontar uma solução.
mmmm... Ouça um bom conselho...
Você me dá de graça?
Espere sentado, ou você se cansa...
Está provado?
Isso mesmo.
Saquei.
Sacou! Pra bom entendedor, me pa ba.
Pois é vou in.
Abra
Bei na fami,
Hahaha, bei nas crian
Aco
Idro
Ida
Zol
Hahahahaha. Braço
quarta-feira, 18 de julho de 2007
Sonho
Eu preciso sonhar...
Se eu não sonhar, eu vou viver de que?
Viver de dinheiro? Viver de conquistas? Viver de glórias, luxo, fama?
Não, eu prefiro sonhar. Eu preciso sonhar.
Eu preciso de algo que eu não alcanço.
Eu preciso de mais do que posso carregar.
Eu quero abraçar algo maior que eu, maior que meu abraço.
Eu preciso abraçar todas as pessoas. Só um amor não me basta.
Eu desejo a meta inatingível, a perfeição.
O possível é sem graça. O difícil me estimula.
Mas perder o fácil me dá medo.
Eu necessito de sonhos, de idéias, de coisas impalpáveis.
O concreto é sem graça, sem cor, sem vida.
O palpável está perto, já é meu, basta querer.
O sonho não. O sonho é a minha vida.
Meus ideais são minha razão de ser, meu motivo, meu motor.
Sem eles eu não saio do lugar.
Só sonhando, eu sei, eu não me movo,
mas sem sonhar... Sem sonhar eu nem existo.
Sorte daqueles que amam acumular bens, dinheiro, poder.
Isso tudo é tão fácil. É tão simples.
Bem aventurados os que assim são felizes.
Para mim não, as coisas não são assim.
Não nasci para consumir, para economizar, para investir na bolsa, apostar no cavalo.
Não me encanta o carro importado, a roupa da moda, a festa do ano.
Não me atraem jóias nem maquiagem.
Para mim, as coisas não são tão fáceis.
O que me encanta é o olhar perdido de cada um.
Encanta-me cada imaginação, cada idéia, cada vôo de distração.
E me dói quando eu aterrisso no mundo sem sonhos. Nesse mundo sem grama. Concreto.
Um dia, hei de me desprender disso tudo.
Aprenderei a atravessar as paredes.
A me transportar só com meu pensamento.
Nesse dia, o sonho não terá virado realidade. Isso é fútil.
Nesse dia, viverei dentro do meu próprio sonho.
E que se fodam os caretas.
Súbita Inspiração Sem Sentido
Escrito originalmente em 10.08.06
Poema que brota em mim.
Poema que nasce de repente
Que me eleva aos céus
E me revela encantos
E que me joga ao chão
E me derruba em prantos
Poema súbito, incisivo
Contra o qual sou impotente.
Poema violento, agressivo,
Que me arrebata a mente, e mente.
Poema que me engana,
Que cega minha visão insana,
Completamente.
Poema que me faz sofrer.
Que me relembra amor
Que me destrói a infância
Poema que esmaga flor.
Poema agudo, pontiagudo,
Cortante.
Frases, fases, rimas,
Cor do que me fez amante.
Cor do que desbota em mim.
Água suja dos meus sonhos pelo ralo.
Mentes sujas que não sabem do que falo.
Cores mortas e um poema que as aborta.
Palavras tortas, que ferem o peito, porque calo.
E daí, a vida entorta,
E a palavra já não cabe em minha boca.
E mesmo que eu não a entenda,
Mesmo que não haja dicionário que a explique.
Que não haja língua que a fale
Nem boca que receba seu beijo doce
A palavra explode,
A palavra escala e estala.
Violentamente.
Violenta, mente.
Violenta a mente
Nos versos de um poema sem sentido.
Nos pensamentos de um peito doído.
Nos controversos dias sem sentido.