Parte de que sou metade
Meta de que sou parte
Parte que parte o coração
Verdade que sangra emoção
Ver no dia, o que a noite esconder
Esconder no dia-a-dia, o fim da noite
Lembrar que a vida, é de ganhar e de perder
Que a ferida, é de açoitar e ser açoite
Ver na noite, o que não reluz no dia
Ver que a tarde, dói a dor da nostalgia
Esquecer de vez em quando, do que dói
E ver que arde, um duro pranto, que corrói
Vira a vida, vira a página
Viravolta, vida torta, viro lágrima
Sem sentido, pode ser, mas com sentir.
Só faz sentido, pode ser, sem onde ir.
Sim, sinto,
Não minto
Quando me olha o olhar de dor,
Desdenho e finto.
Nessa finta, vive só a hipocrisia
De não saber se o que quero é tarde ou dia
Por mais que eu minta, tudo que eu mais queria
Era parar e apreciar a noite
Esquecer, só uma vez dessa rotina
dessa dor, de açoitar e ser açoite
e do rancor e mágoa daquela menina.
A vida vem, vai tudo bem, a vida passa
Que tristeza quer o dia que se vai.
Abro um sorriso, pois de novo o dia vem
A tarde vivo, choro quando a noite cai.
Mas tudo bem.
O que importa, não é ser forte.
O que importa, não é sorrir.
O que importa, sim: fugir da morte,
da dor de ir vivendo achando que morri.
O que importa, então, não sei de nada
A vida me apresenta, então, encruzilhada
E já não sei que passo tomo nessa estrada
Em que jardim, enfim, derrubarei minha lágrima?
Só sei que espero, que lá existam cores
Que seja um campo lindo e lotado de flores
Onde não rimem o amor com tais palavras
Onde o que dói, não seja a dor ignorada
A realidade é que este campo, não é aqui
Que este jardim, é um mistério de encontrar
Olho ao redor e não adiantará fugir
Todos os olhos seguem a me vigiar
Olhos azuis, olhos castanhos, coloridos
Verde do mar, que esconde um peito doído!
Mas nestes olhos, não há espaço pra tristeza
Olhares reis, olhos de príncipe e princesa.
Besta eu, querer entrar pra realeza,
Esqueço as leis, e reconheço minha fraqueza.
Afinal, o que dizer, pois, afinal?
Viver a esperar da vida algum sinal?
Prefiro ser, sofrer, burlar todas as regras.
Pra ver se surge alguma luz que enfim me cegue
Porque o amor, e também a paixão é cega
E na escuridão, sem cor nem flor, a vida segue.
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