domingo, 18 de janeiro de 2009

Abstrato

Abstratismos à parte, devaneios de lado, cumpre então divagar.
Serei capaz de fazer um poema?
que traduza estes dedos leves de brisa?
... esta cólica de saudade
... este rasgo de melancolia
... este cheiro de esperança úmido, recente
... este sopro de fé no futuro?
sem o que não vivo, não me movo,
sem que sou duro, burro e torto.

E onde esta brisa não bate?
Quem os acariciará com dedos leves de brisa?
Quão melancólica será sua saudade?
Quantos cortes de maldade?
Quem soprará um dizer estúpido, demente
... com odor de morrer prematuro?

Se eles pudessem, uma só vez
sentir a carícia do vento...
Onde os ares lhes levariam?
Em que chão se esborrachariam?
Para chorar, levantar e sorrir
Decolar para um vôo mais lento,
mais alto.
Onde a brisa não lhes afague o rosto
Nem os afogue num oceano de ar
Mas condense a esperança num rio
LiqueFeito para navegar.

Devolvam-me

Devolvam-me meus sonhos
Senão não consigo seguir
Senão não consigo lutar

Devolvam-me meus sonhos
Senão não consigo sorrir
Nem chorar

Devolvam-me meu tempo livre
Devolvam-me meus ideais
Devolvam-me as horas vagas
pra fatos e papos banais

Acorretem-me, de novo, ao imprevisível
Masturbem-me o sonho
Devolvam-me o gozo onírico

Modifiquem-me a rota
Libertem-me da velha rotina
Abram-me e fechem-me outras portas
Devolvam-me a luz à retina

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O desafio

É preciso sentir
Soltar a criatividade
Abrir as portas da percepção
Se emocionar
Deixar as influências externas nos tocarem no fundo, no âmago
Para tecer novos conceitos
Rever preconceitos.

Não à toa
os mais preconceituosos são os mais insensíveis
os mais cheios de si
os mais egoístas
perdidos em seus próprios mundos
incapazes de reconhecer sua própria insignificância.

Seguem fortes
buscando sempre a vitória
[como todos]
mas sem saber reconhecer as derrotas.
Usando o preconceito como escudo
para não se reconhecerem piores, em qualquer momento
para menosprezar e não se sentirem ameaçados.

Sentem-se ameaçados.
pois não querem perder o posto de donos do mundo.
posto que ninguém nunca ocupou
nem ocupará, posto que queiram.

Por isso,
só um despertar de emoção sincero
será capaz de derrubar essa máscara
desfazer essa farsa.

O desafio:
é sensibilizar os insensíveis
é tocar os que não se deixam
é derrubar a lágrima do que não chora
é fazer gargalhar o ranzinza
é transformar essa gente cinza
em vida
em gente colorida.

Crônicas de um Palestrino 5 - Pré-temporada 2

A pré-temporada é o ano novo do futebol.

Encerrado o período de festas, surge aquele ânimo de sonhar com dias melhores para o ano seguinte. Fazemos planos, renovamos as energias, sonhamos sonhos mais altos. Começado o ano, tentamos abandonar velhos hábitos e incorporar novos, perder a barriga, nos alimentar melhor... enfim, tentamos progredir. Quando menor, por exemplo, lembro-me de me prometer tomar banho todos os dias no ano seguinte. A virada do ano promoveu um grande avanço em minha vida, sem dúvida.

Quando as mudanças não dependem dos outros o exercício de mudar é muito mais simples e gratificante. Basta virar o ano e lá vamos nós, correr todas as manhãs antes do trabalho, economizar dinheiro, consumir cultura...

Já quando as mudanças dependem dos outros, a angústia é interminável. A ansiedade por dias melhores nos aflige a atormenta. Este é o caso dos meus últimos dias, em um campo específico da vida, que é o campo do(e) futebol.

Assim como no “mundo real”, encerrado o ano (Campeonato Brasileiro) todos os torcedores em algum momento param para fazer aquele balanço e passam a sonhar e planejar o ano seguinte. Para o torcedor palmeirense, entretanto, virou o ano e aqueles sonhos de vôos mais altos chocaram-se com o duro chão da realidade. Dois mil e nove deveria ser “o” ano. Essa era a promessa que tanto ouvimos. Mas a mudança para melhor tão desejada (que de nós nada depende) tem demorado a acontecer e as novelas das contratações parecem intermináveis.

Assim, compulsivamente, reviro três ou quatro sites de notícias e a blogosfera especializada atrás de alguma notícia animadora, mas o destino não quer dar paz à este verde coração.

E assim meus dias neste campo seguem aflitos. Enquanto tento me livrar de velhos hábitos e procurar um rendimento mais eficaz no trabalho, a distração compulsiva e a preocupação permanente me movem a clicar repetidas vezes nos RSSs de notícias do verde.

E fico a me perguntar, com uma pulga atrás da orelha: quantos, como eu, estarão a fingir que trabalham neste exato momento?

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E antes de postar isso tudo, vejo através deste blog que eu mesmo, 363 dias atrás, vivia a mesma situação de ansiedade. Naquela ocasião, com menos novidades e motivação para o “mundo real”, mas carregando muito mais otimismo no enorme espaço verde do meu coração.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Guernica e Gaza


Em 1937, a cidade de Guernica, do País Basco, foi bombardeada pela força aérea Nazista.

Um gênio, Pablo Picasso, retratou os horrores desta guerra na tela que levou o nome da região bombardeada. Guerra que vitimou não só o povo basco, mas acima de tudo e principalmente, o povo judeu.

Mais de 70 anos depois, não posso crer no que vejo, leio. Só tenho uma certeza. Este povo e (ou seus governantes) não aprendeu nada com as lições do passado. A minha revolta é enorme, e torço para que um Picasso palestino possa eternizar a vergonha de Israel com talento semelhante.

Shame on you Israel. Shame on you.

Sabemos que a paz ainda é mais importante. Eles não. Eles estão surdos.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Porque é ano novo...