Janeiro...
Mês da ansiedade, expectativa, indefinição.
Pré-temporada é assim: a diretoria trabalhando em segredo e o torcedor, eu, com o coração na mão, batendo torto, arrítmico.
Primeiro dia de trabalho, pós-reveillon, e eu já não podia suportar. Sentar naquela mesa de novo, olhar para aquele mesmo computador, aqueles mesmos colegas, os mesmos problemas, as eternas pendências. Tudo angustiante. No pós-reveillon, com tantos planos de mudança, tudo tão eternamente velho, empoeirado.
Alguns dizem que a vida é assim. Pode até ser, mas eu não aceito. Se for, não é um porre. É a ressaca de um porre.
Eu cheguei, eu me sentei. Até pensei que um café, uma água e um banheiro fossem melhorar a situação. Talvez checar meus e-mails... hmmm, isso sim, mais interessante. Mil formas de procrastinar, evitar o início do ano velho.
O café acabou, os e-mails das férias também. Fiz até uma limpeza na caixa postal... e minha cabeça continuava lá, longínqua.
Depois de tantos anos, de tantas decepções, de severas humilhações, será que eu poderia, de novo, sonhar? Será valeria a pena acreditar? Acreditei, e pus minha crença toda neste espírito de renovação. Time base bom, técnico novo e de ponta, lateral novo e promissor, atacante novo e com fama de matador. Gênios mantidos. Operários mantidos. Lá vamos nós, em busca do que nos falta, nos assola, nos atormenta: uma taça, por mais simples que seja.
Aos 25 anos, sou de uma geração de palmeirenses que não se acostumou a perder. Aos 11, vi meu time sair da fila e sequer compreendia o que estava acontecendo. Com o título paulista, comecei a pegar gosto pelo futebol.
Seguiu-se uma geração de ouro, de conquistas, de viradas históricas, dentre as quais destacou-se a semifinal da Copa do Brasil: Palmeiras 4 x 2 Flamengo.
E a essa geração, seguiu-se a geração derrotada que perdura, desde o ano 2000 até hoje, que incluiu uma queda para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro.
Hoje, com novas perspectivas, com nova diretoria, com novo patrocinador, a esperança se renovou. E sentado na mesa do trabalho, praticamente não consigo fazer outra coisa que não seja acompanhar as contratações e o desenho do time.
Em pauta, a rivalidade Grêmio x Palmeiras de tantas brigas, dessa vez na luta por um jovem jogador: Diego Souza.
Na mesa do trabalho, enjaulado em frente ao computador, pouco posso fazer, além de navegar pelos sites que me trazem notícias do meu time do coração. Para burlar o monitoramento do trabalho, uso a assinatura RSS, e só entro nos sites quando sei que há novas notícias: umas 20 vezes por dia, no mínimo, em três sites diferentes, fora os estrangeiros, quando as negociações envolvem times de outros países.
E assim vai se montando a equipe. E assim minha obsessão vai sendo alimentada. E se a notícia não sai, eu sofro.
Que será quando a temporada começar, impossível saber: por enquanto, só me resta expectativa...
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Há 4 anos
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