terça-feira, 30 de dezembro de 2008

... e um ótimo 2009.

Provavelmente o post que encerrará minha atividade por aqui em 2008.

E ele vem cheio de acidez, em um momento em que cada vez mais, eu ando com olhos bem abertos e punhos bem cerrados para enfrentar o mundo hostil que se avizinha.

Não falo em crise econômica, nem em vaidades profissionais ou algo do tipo. Falo no conflito de interesses humanos, no nosso lado animal e egoísta que nos joga permanentemente uns contra os outros. Pra essa gente, cada dia mais, eu digo chega! E cada vez mais, de maneira equivocada, penso que tenho que cuidar mesmo é dos "meus", meus amigos, meus familiares, meus problemas.

E para 2009, penso em entrar com força redobrada para superar os atrasos de vida impostos pelos outros, pelo bandido, pelo corrupto, pelo malandro, pelo egoísta vaidoso.

Para 2009, eu gostaria de desejar muita paz, saúde, alegria, e todos aqueles clichês que estamos acostumados a ouvir e repetir. Do fundo do coração, eu desejo. Do fundo do coração, até sonho com isso. Do fundo do coração, no meu dia a dia, trabalho por isso. Mas deixando o coração um pouco de lado e colocando a razão para funcionar, o que eu desejo é que todos estejam fortes e lúcidos para lutar contra os absurdos cotidianos que assistimos. Que estejam fortes e lúcidos para abrir mão do próprio ego quando é ele que nos atrasa.

Se assim, estenderem as mãos para mim, eu as receberei com um sorriso no rosto e braços abertos. Mas em 2009, quem vier cheio de ego e de si, cheio de "eu, eu, eu" e, acima de tudo, querendo colocar este "eu" sobre mim, encontrará punho cerrado e faca nos dentes.

Esta não devia ser a tônica num momento de renovar as esperanças. Mas é!

Racionais Vida loka parte 2


A mesma, ao vivo no Ensaio da TV Cultura.


Sangue nos olhos à parte, que 2009 seja um ano mais leve e menos competitivo...

Do YouTube 4 - Insane dog

Mais uma desses pequenos fenômenos da internet. Nem se compara àquele que eu exibi aqui, pelo menos no número de visualizações. Mas é extremamente interessante (além de engraçado) por exemplificar a cultura do remix existente hoje na rede.



E os remixes:

No. 1 - Música eletrônica:


No. 2 - Jazz

Feliz Natal...

Ainda que com atraso, reproduzo pequenos trechos de um excelente artigo do Frei Betto, que li no dia do natal na Folha de S. Paulo. Vale a pena ler com o dicionário do lado, pois o cara é "muita treta" de vocabulário.

O pequeno trecho, em destaque na folha: "Feliz Natal a todos que pulam corda com a linha do horizonte e riem à sobeja dos que apregoam o fim da história."

Mas tomo a liberdade de destacar outros trechos deste artigo que, com certeza, é uma das coisas mais bonitas que li ultimamente:

Feliz Natal a quem não planta corvos nas janelas da alma, nem embebe o coração de cicuta, e coleciona no espírito aquarelas do arco-íris.

Feliz Natal a quem acorda todas as manhãs a criança adormecida em si e, moleque, sai pelas esquinas a quebrar convenções que só obrigam a quem carece de convicções.

Feliz Natal a quem recolhe cacos de mágoas pelas ruas para atirá-los no lixo do olvido e se guarda no recanto da sobriedade.

Mesmo não sendo religioso, acho que as lições deste artigo estão realmente em falta na mente da maior parte das pessoas. Vale conferir.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Para presidente da SEP

Quando criei este blog, meu objetivo não era comentar futebol. Nunca quis que esse espaço servisse para isso.

Mas algumas coisas são inescapáveis.

E essa abaixo é uma delas.

Meu coração torcedor é mais forte que a idéia de separar meus devaneios sobre o mundo da minha paixão futebolística.

Fica então a mensagem de apoio, consubstanciada na foto abaixo!

E já que resolvi falar disso, deixo minha mensagem de repúdio ao filhote de Juca Kfouri que postou este absurdo aqui!

Acho que nunca ouvi coisa mais desprezível do que o termo higienização. Parabéns ao autor desta pérola do preconceito.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Fragmento de mim


São milhares as partes em mim,
Espalhadas em partes que não entendo,
Partes que não toco e não ouço e não vejo
Partes que existem apenas, porque sinto
Porque sei que a vida só vive se há sentimento.

Mas e as partes de mim que não são,
Não sei,
Não vem, nem vão.
Partes que juntas, me fazem todo.
Todo do que sequer sou metade.
E meu coração, de emoção partido.
Amor que se parte,
E um peito que bate doído.

E esta parte de mim que não sente?
Meu coração que não bate
Ou que bate burocrático,
Jogando apenas pelo empate.

Mas e a parte de mim que não pulsa?
A parte alheia ao meu corpo.
O músculo que não se mexe, que não sente dor.

E a parte de mim que se esconde?
Que não se revela.
Que não sai de mim.
Será mesmo uma parte de mim?
Ou apenas uma parte do que imagino ser?

E a parte de mim que não chora?
Que ignora a tristeza,
Que não sabe chorar,
Uma parte triste. Que triste.

E a parte de mim que te espera?
Que pede carinho,
Que quer um abraço,
Que sofre e fica carente, doente.
Parte que existe em mim o tempo todo,
Porque estou vivo.
Porque sou assim.
Porque sou humano.

Mas e a parte de mim que não sonha?
E que por isso mesmo não encara a realidade.
Parte que não dorme,
Sangrando minha aflição,
Derramando no chão meu desespero,
Minhas lágrimas, meus amores,
E tudo mais do que é feito a vida.

Pedaço de mim que não nego,
Porque não me pertence.
Porque é um todo do qual sou pedaço.

...

Fragmento de mim!
Fragmento!
Fração que se espalha e que eu não entendo.
Que eu não posso enxergar.
Que me supera
E me cora o rosto
Que me ergue aos céus
E que me faz voar.
Que me derruba aos prantos
E finca meus pés no chão.

Inteiro, eu?
Pudera...
Serei sempre parcela. Parcial.
Multiplicando os espaços do meu coração.
Tentando guardar nestes cantos, um pedacinho do mundo.
Assim...
Sonhando cravar na vida, no mundo, nos outros,
Um pedacinho de mim.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Escritos perdidos

Se soubesse o que sinto
Mas ela também sente
E sente assim, tão diferente
Que seu rosto se fez ausente
Sua voz se fez calada
Seu abraço não me envolveu
Se transformou em memória viva
Desbotada.

Ah, se soubesse o que penso
E o quanto penso
Mas meu pensamento me fez distante

A memória foi apagada.
Meu peito nem percebeu
Que brotou história viva
entusiasmada
Naquela terra maltratada.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

O mundo vota Obama - 2

Obama é realmente popular.

Depois dos Emo's por ele declararem sua paixão, proliferam-se as manifestações de apoio.

Simplesmente sensacional:


Barack Obina 1


Barack Obina 2

E talvez a mais sensacional de todas:

Cacildis!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Drunk 5

Hello,
I love you
Won't you tell me your name?
Maybe not - she says,
And there goes a broken heart.
Tell me no - he says. Tell me you hate me!
But please do not ignore me.

-------------
Você me abandonou
o o eu não vou chorar
...
o castigo que eu vou te dar é o desprezo
eu te mato devagar.

Já diria a Velha Guarda azul e branca.

-------------
Tá aí, por essas e outras, a grande lição...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

1000 e um caderno

Não cheguei exatamente a fazer uma contagem regressiva, mas contei mil visitantes únicos ao meu blog.

A maior parte deles passeia perdida pela rede, quase sempre procurando alguma coisa sobre o Palmeiras, alguma crônica. Muitos também vem atrás de algum poema homônimo (vários buscam por Ah, se eu pudesse ou Letras tolas).

Muitos chegam até aqui atrás de Manuel Castells, em virtude de algum post deixado no curso da vida recente deste rascunho das minhas idéias.

Mas há uma parte que vem e que sempre volta. Alguém em Nova Iorque, que sempre visita. Há um visitante constante também da California e outro da Suíça. Quem são estes misteriosos seres virtuais (e muito reais, sei bem), não sei dizer. Mas são estes que motivam este daqui do outro lado a escrever, de vez em quando. Estes que deixam recados, mesmo que anônimos. Aqueles que já esqueceram destas linhas bestas, mas que um dia irão voltar só pra saber o que se passa com esta mente inconstante.

Enfim... não é com agradecimentos pelo milésimo click que quero concluir o que tento expressar. É simplesmente reafirmando que o propósito disso tudo é deixar sair aquilo que vive lá dentro, me atormentando, me movendo adiante, me fazendo curioso, triste e pensante.

E é com o espírito de compartilhar que encerro estas divagações, recomendando algo que nem precisaria ser recomendado, mas que já vai direto para o blogroll aqui ao lado direito: o caderno do Saramago.

E é com o espírito de compartilhar que devo voltar a me fazer presente nestas linhas também.

Saravá

Letras jogadas numa folha rasgada

Escrito originalmente no final de 2005.

Às vezes penso que não é possível
Quanta dor ainda sentirei?
A lembrança não se afasta
E eu não sei...

Não sei mais o que fazer.
Não tenho mais aonde ir.
Perdi a vontade de amar.

Espero que o tempo um dia me cure
Espero, espero...
mas esse dia não vem.
Sigo fingindo estar tudo bem.
Espero que um dia você me procure
Espero, espero
Mas esse dia não vem
E eu espero por isso também.

Mas de tanto esperar, até a esperança morre.
E quando ela morrer, aí sim!
Aí sim poderei renascer.
Aí sim deixarei de aguardar
Para sugar de novo o novo mel da vida
Ou então espero sugar de novo aquele mesmo mel...
que escorre dos teus lábios
Espero que sim! Espero que não! Me desespero!
E fico a jogar letras bobas, letras tristes, letras sós...
Só letras num papel.

domingo, 9 de novembro de 2008

Euforia


Diz um ditado chinês: "a prudência é o olho de todas as virtudes".

Sonhar não faz mal, muito pelo contrário. Já afirmei e reitero que o sonho nos move e nos impulsiona a realizar, existir. Mas é preciso estar alerta.

Com a eleição de Obama muita esperança aparece no horizonte. É verdade!!! É simbólico (e uma transformação muito real) ter um negro no comando da maior potência mundial.

Mas Obama não é Deus. Obama é só um homem.

Obama conta com grande apoio popular e assume em um momento de crise, propício à transformações conceituais e políticas. Mesma crise que pode minar as forças de seu governo.

Obama dá aos EUA cores mais democráticas, não só mais Democrata. Faz os EUA guinarem em nova direção, mais progressista. Mas não significa, necessariamente, que os EUA adotarão uma política menos belicista, menos agressiva ou hegemônica em relação ao resto do mundo.

No discurso de Obama ainda existem muitos traços do patriotismo exacerbado estadounidense. Patriotismo que contamina a mídia e que se traduz como uma euforia praticamente incontestada ao redor do mundo. Um patriotismo tão perigoso, que permitiu a Bush minar algumas liberdades fundamentais da democracia de seu país.

A euforia da mídia cega para algumas verdades. O planeta depende de Obama, mas Obama não vai salvar o planeta.

Pés no chão com questões tão delicadas e sensíveis não fazem mal. Sonhar entre nuvens que embaçam a realidade sim.

A eleição de Obama é certamente um avanço. Mas é só o princípio de uma jornada longa e que se faz passo a passo, por caminhos muito tortuosos, cheios de avanços e retrocessos.

Escolhas erradas conduzem não só a tragédia, mas à sabedoria. A escolha de Bush foi assim.

Uma grande expectativa frustrada (desilusão) também pode conduzir à sabedoria... ou à uma onda pungente de alienação. O Brasil passa por isso.

Obama tem uma grande oportunidade nas mãos. Se vai conseguir aproveitá-la, só o tempo dirá.

Mas Obama é, antes de tudo, um homem. Tão falível quanto qualquer outro.

Sem deixar o otimismo de lado, recomenda-se sempre prudência e atenção. E que nesse caso sonhar, seja sonhar com os pés no chão.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Drunk 4

I don`t want to be free anymore.
I want to be arrested.
Locked.
Trapped in a cage.

I don`t want to be free anymore.
Don`t want to walk my own paces
Don`t want to draw my own traces
Don`t want to tear my own laces.
Don`t want to be free anymore.

I want to be arrested
Attached to whom.
I want to be locked
In a cold dark room
Where I can hear my breath
Where I can at least breath,

I don`t want to let go.
I don`t want to know.
I don`t want to let know
All the love I don`t show.

I don`t want freedom
I don`t want success,
nor fame.
I just wish to rest.
with no gain and pain.

I don`t want to let go.
But the feeling ended
And still can`t find it...
in a cold dark room
in my chest
a feeling to whom???
Why I just don`t rest.
Neither want to be me.
Why life goes too fast?
Why don`t want to be free.

Where are we?

sábado, 18 de outubro de 2008

Do YouTube 3 - Decepar

Estou (ou estava), neste exato momento, lendo um livro sobre democracia e o processo democrático. Ao tratar do processo democrático, o autor fala das fases de deliberar e decidir.

A origem de deliberar, para o autor, é polêmica. Acredita-se que venha da idéia de libra (lembro então do meu amigo indeciso de signo libra), ou seja, da idéia de sopesar, pesar, equilibrar. Da idéia de avaliar todas as posições, se colocar no lugar do outro (aqui já sou eu, não o autor), compreender todos os prós e contras.

Eu sou um deliberador nato. Primeiro porque adoro uma boa discussão, desde que se trate de algo discutível e não, por exemplo, da vida de um e de outro ou do programa da TV (salvo futebol). Mesmo diante de uma atitude que tenho que tomar, adoro deliberar. Será que é isso mesmo? Será que ela quer me beijar? Não é melhor eu me certificar? Será que concluo em gol agora? Não é melhor me aproximar mais da meta? Nem preciso dizer quando beijos e gols perdi por conta disso. Esperando o melhor transporte para a felicidade, literalmente dormi no ponto várias vezes.

Perdoada a pequena digressão, volto ao autor e às fases da democracia. A próxima é decidir. Ô coisinha difícil. Não é melhor esperar mais um pouquinho? E lembro o que me diz o poeta:

"Espere sentado,
ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança"

E volto ao que me diz o autor: "O verbo latino decidere significa justamente cortar fora, decepar, concluir abreviando. O que é "abreviado" no caso das decisões políticas que "concluem" (logicamente) o processo democrático, é exatamente a ponderação..."

Decepar a ponderação. Tá aí um bom exercício!

Falei tudo isso só para colocar aqui esse excelente video, chamado procrastination, que não sei se já coloquei em outro momento neste blog. (coloquei mesmo, e foi aqui)



O poeta pisa e repisa:

"Faça como eu faço
Faça como eu digo
Aja duas vezes, antes de pensar"

É isso... melhor é ouvir o poeta, exercitar o decepar e voltar aos estudos.

--x--
O poeta: Chico Buarque - Bom conselho - Veja um cover
O autor: BOVERO, Michelangelo, in Contra o Governo dos Piores

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Do YouTube 2 - Volta ao mundo

Essa é velha, mas deixo aqui para quem não viu. Para distrair mentes e corações.

O impressionante é o cara ter conseguido mais de 11 milhões de views neste primeiro vídeo de 2 anos atrás...



E após isso, conseguir mais de 10 milhões no vídeo novo, que vai abaixo e no qual há, em são paulo, um representante da massa alvi-verde.



Se o dileto leitor estiver "coçando", vale a pena dar uma olhada nos "related videos" criados pelos internautas aqui.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Do YouTube 1 - O Segredo da vida

Já que o espírito é circular e compartilhar, inicio uma nova série no blog, com vídeos do Youtube...

E o primeiro da série que se inicia é este que vi outro dia e que achei muito bom, chamado Das Rad (Pedras). Me lembrou aquela música do Raul Seixas que dizia assim:
"aprendi o segredo, o segredo, o segredo da vida,
vendo as pedras que choram (sonham) sozinhas no mesmo lugar"



É... a gente tem muito o que aprender com essas pedras!

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Copy and Paste 2 - Museu do Futebol

Como já disse alhures, tem coisas que é melhor repetir do que tentar dizer com as próprias palavras.

Essa é uma delas, do blog O futebol e..., que vale a pena de ser conferido, sobre o Museu do Futebol recentemente inaugurado em São Paulo.

Aí vai...

-------

Museu do Futebol

-

Queria ser alvi-negro ou rubro-negro,

Lusitano ou palestrino.

Quis ser celestial, colorado e tricolor!

Sonhei sorrir feito Leônidas, pedalar como Robinho e vice-versa.

Dei socos no ar, apontei o dedo ao céu e falei que era 'o cara'.

Chorei maracanazzo e Sarriá.

Marquei Mané e Canhoteiro.

Falhei...

Vesti a 10 da Marta.

Assinei Nélson Rodrigues no jornal.

Quis ser a mão de Deus, o pé do anjo, a barriga do gaúcho.

Fui mestre e fui divino.

Galinho e Rei.

Sou peladeiro, boleiro e até juiz.

Queria ser o Maracanã! A geral do Maracanã!

Quis ser negro.

Quis ser branco.

Goleiro e ponta-esquerda.

Quis ser a Jules Rimet!

Adorei ser brasileiro!

Ontem, eu fui bola!

Fui ao Museu do Futebol!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Não ligo...

Não ligue...
se ao redor de ti, todos perderam a sensibilidade,
de se emocionar com uma melodia, uma palavra ou uma cena qualquer do cotidiano.

Não ligue...
se todos a sua volta já não sabem sofrer, sentir,
se se recusam a chorar,
mesmo quando o chorar é sincero.

Eu não ligo...
e nem lhe atenderei,
se o que tens a me oferecer é indiferença.

Eu não ligo
e me recusarei...
a compartilhar essa ignorância.

Eu não ligo...
mas tenha certeza,
que serei mesmo calado, telefone mudo,
mesmo que não lhe chame, nem lhe atenda,
incapaz de fingir frieza...
que seria um enorme fardo, me fingir surdo,
e ainda que eu assim pretenda,
ainda não sou capaz de me fingir cego,
nem de afastar este frio no umbigo
e seguir como quem a si mesmo engana,
pensando em status, posses, grana,
como essa gente que mente
e mente, mente, mente,
tentando ser grande
e indiferente.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

MySpace Música 2 - Wado e VulgoQinho&osCara

Como o MySpace é realmente incrível pra quem gosta de música e como eu acho que a informação tem mais é que circular mesmo, decidi criar um título só pras dicas de sons encontrados por lá.

Então toda vez que você ver esse título aí em cima, terão umas duas ou três dicas de bandas interessantes encontradas por lá.

A primeira é uma que já encontra algum espaço por aí (tocaram no SESC outro dia), chamada VulgoQinho&osCara. Se gostar do som, vale a pena dar um conferida no site dos caras.. A banda faz um rock/MPB bem interessante, melódico e com vocais excelentes. Eles fazem uma ótima versão da Música Juízo Final de Nelson Cavaquinho e Elcio Soares. As músicas próprias também são muito boas e com letras inteligentes.

Também recomendo um artista chamado Wado, de Maceió. Suas músicas são extremamente criativas e bastante inovadoras, com bastante experimentação eletrônica. As letras são muito bacanas. Gostei bastante das faixas 'Fita Bruta', 'Pendurado' e 'Fortalece aí'.

Hoje é isso. Ia indicar mais uma mas prefiro ouvir direitinho antes pra ver se é bom mesmo.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Eu vou seguir...

Eu vou seguir por aí, seja onde por aí for. Eu vou seguir aonde for, o caminho que já trilhei. Eu vou seguir sentindo muito, e mais, e sempre, a dor e a alegria de sentir muito, e mais, e sempre.

Quando correr uma lágrima em meu rosto, não se assuste. Provavelmente não estarei chorando, nem sequer sofrendo. Provavelmente estarei apenas emocionado, imaginativo, me colocando no lugar de alguém, vivendo uma outra vida, ainda que por só um segundo. Provavelmente estarei apenas emocionado com a riqueza de sentidos de uma situação, uma riqueza que só cada um é capaz de enxergar e que ninguém é capaz de descrever.

Mas se eu estiver chorando, me ampare.

Quando eu esboçar eu sorriso, sorria. Ainda que existam mil sorrisos amarelos e falsos em meu rosto, um sorriso é um sinal de paz, uma grande bandeira branca. Se eu esboçar um sorriso, ainda que amarelo ou falso, me ajude a sorrir de verdade. Meu sorriso é meu cartão de visitas, convidando minha alegria a sorrir em tua vida.

Se eu me sentir frágil, desamparado, não me console e nem me dê forças... Só evite me machucar.

E se me sentir forte demais, me deixe sonhar. Se eu ultrapassar o limite do sonho, não me toque, não enquanto o sonho não tiver acabado. Mas me ajude a não me esborrachar quando cair das nuvens. E só me diga que errei, quando a dura realidade se mostrar dura.

Se algum dia eu lhe ofender, me explique por quê. Não existe nada pior que errar sem saber.


Se tudo isso ou nada disso acontecer, só não me ignore quando eu for à você. Desse tipo de mal já cansei de sofrer.

...

Eu vou seguir por aí, tentando chegar seja lá onde for. Eu só lhe peço que respeite, as flores que planto no meu jardim.

É simples assim.

O mundo vota Obama

Estratégias de marketing à parte, poder manifestar a simpatia por Obama (ou McCain) é muito interessante.

É o que permite o site da Economist: http://www.economist.com/vote2008/

Para entender melhor a brincadeira (que é coisa muito séria), acesse a matéria "O mundo decide" da Brasileiros.

E para encerrar, deixo a foto chupinhada do excelente blog Trabalho Sujo:

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Música na Net 4 - Dicas no MySpace

Realmente, pra quem gosta de música e tem curiosidade para investigar na internet, a comunidade do MySpace Música é um prato cheio. Está devidamente adicionado aos links musicais no lado direito da página. Se você gosta de ir atrás de música nova, vale dar uma conferida nestes links.

Do que eu andei pesquisando ultimamente, deixo as seguintes dicas, algumas que podem inclusive ser baixadas no site do MySpace:

Moptop - Banda de rock brasileira e que canta em português com letras bem interessantes. Me fez lembrar algo entre Los Hermanos (especialmente pelas letras mais sensíveis) e com uma influência de algo como Strokes. Possui um instrumental bem trabalhado. Gostei especialmente das músicas "desapego" e "como se comportar", que dá nome ao "disco".

Renegado - Rap/Hip-Hop de Minas Gerais - Destaque para a mistura com música cubana em "Conexão Alto Vera Cruz Havana".

Shout Out Louds - Banda que me lembrou em diversos momentos a banda "The Cure". Possui um instrumental inovador e com passagens bastante criativas. Vale conferir. E vai tocar em SP no Studio SP hoje e amanhã!

Pra encerrar (mesmo que eu não tenha terminado), deixo a dica da banda Zuco 103 - Banda que está em turnê pela Europa, mas que é pouco conhecida (eu nunca havia ouvido falar) aqui no Brasil. A cantora me lembrou muito a Céu, mas tem estilo próprio. Destaque para a música "She, que trata de um tema pouco agradável de maneira muito criativa: a violência doméstica.

Viva o MySpace. E viva a música na internet.

domingo, 14 de setembro de 2008

Crônicas de um Palestrino 4 - Alma lavada

É impressionante como o Palmeiras consegue mobilizar uma grande parte do meu dia. Eu deveria, hoje, estar sentado com a bunda na cadeira e olhos fixos nos livros de direito, estudando para ingressar no mestrado.

Mas a emoção não deixa. O dia todo, passo feito um alucinado esperando a partida que pode ser decisiva para o futuro do time na competição.

Logo de manhã, na minha leitura matinal no banheiro (sei, o comentário é desprezível e desnecessário, mas é assim que a coisa - ou o intestino - funciona para a maioria), vou direto à página de esportes procurar as notícias sobre o verde. Inútil indignar-me pelo fato de O Globo não cobrir os times de São Paulo, mas hoje, dada a importância do duelo, havia uma nota. O fato me deixa feliz. A cabeça distrai-se com notícias sobre o pré-sal, as eleições no Rio de Janeiro e o debate sobre a legalização (pífio, por sinal, tendo em vista os danos que o tráfico causa ao Rio).

Volto para a cama para mimar a mulher (elas precisam de atenção permanente). Aquele sinal de alerta permanece ligado, sempre me lembrando o quanto uma vitória fora de casa contra o vice-líder Cruzeiro seria importante. Ela (a mulher) me faz esquecer o verde por algum tempo, mas a mensagem do amigo no celular perguntando onde irei ver o jogo desvia o foco de um amor para o outro. Não adianta fugir.

Cogito comprar o pay-per-view. Ficar tranquilo em casa mas o preço é um assalto. O monopólio das organizações Globo (a mesma do jornal impresso, da minha internet e minha TV a cabo e aberta) é prejudicial não só à democracia. Inibe também a minha paixão. R$ 60 reais por uma partida é uma piada.

Bate 15:30, hora de ir para o bar onde a torcida do Palmeiras do RJ se reúne para assistir os jogos. No ônibus, no caminho, lembranças recorrentes a cada lenço verde pendurado nos cabelos das moças, a cada camisa de tom esmeralda. Sou consciente que nada disso tem a ver com o Palmeiras, mas estes são os caminhos da minha mente, perturbada pela decisão...

No bar confortam-me a visão de dezenas de palmeirenses vidrados na tela. E alimenta minha paixão os urros desta gente explodindo com o gol de Diego Souza aos 42 do primeiro tempo. Nos olhos deles, a mesma esperança que a minha.

Sinto que vamos vencer, sinto que é possível... e atribuo a chance da vitória, sinceramente, à camisa pirata do goleiro Marcos que comprei minutos antes da final entre Palmeiras e Ponte Preta, com o principal objetivo de tentar penetrar o subconsciente do meu sobrinho de 5 anos que acompanhou o jogo comigo. Eu não acredito em divindades ou espíritos, mas acredito na força da camisa que vesti hoje. Segundo meus cálculos, o Palestra nunca perdeu nos dias que eu vesti. Viva a costureira que bordou toscamente o símbolo no peito esquerdo.

No momento do gol, sinto ainda uma extrema satisfação em ver as pessoas na rua tentando entender por quê aquele punhado de marmanjos vestidos de verde está a gritar e pular. Dentro do ônibus lá fora observo um flamenguista olhar intrigado para o bar e penso: "respeita parceiro. O Palmeiras é gigante".

Com a expulsão estúpida do garoto Lenny (que não pode ser crucificado por isso) aos 17 do segundo tempo, o relógio passou a girar devagar. O Palmeiras se encolheu na defesa de uma forma que nunca vi um time do técnico Vanderlei Luxemburgo fazer. E a tática deu certo. Apesar de constantemente ameaçado e das boas participações do goleiro Marcos, o time encerrou uma série de 4 jogos levando gols, entre estes duas sonoras derrotas em goleadas para o Inter e Sport.

Chega o fim do jogo e a berraria continua. Canto freneticamente mesmo sem ter ingerido uma única gota de álcool. Filmo a pequena amostra dessa massa no celular. Envio o vídeo para um amigo fanático em São Paulo. Vejo o comemorar sincero de um palmeirense, com os olhos fechados e para baixo e os punhos cerrados, num momento exclusivamente dele, em que ele não quer mostrar nada para ninguém. Um vibração verdadeira de euforia pela vitória.

Volto para casa... tenho muitos deveres a cumprir. Meu apartamento está uma zona, eu preciso cozinhar algo para o jantar pois estou sem grana para comer fora. Mas minha atenção permanece no jogo e no sonho de ser campeão. Sei que não devo, mas inicio uma longa navegação pelas notícias do esporte na internet. Preciso compartilhar a alegria: disparo mensagens no celular. Aproveito e vingo-me do flamenguista que tirou sarro da minha cara quando perdemos para o Sport e sorrio sincero quando ele me responde todo nervosinho. Sei que é feio, mas foi ele quem começou com a palhaçada na semana passada, mexendo com minha revolta de um jeito que não se faz. Chego a me arrepender da mensagem, mas é o preço que ele tem que pagar (respeita, parceiro).

Estou em casa... tiro minha camisa da sorte, dobro-a e guardo direto do armário. É nojento, eu sei, mas ela nunca foi lavada e assim permanecerá até o fim do Brasileirão.

Ligo a TV na sala para ouvir o resultado do Botafogo. O Palmeiras matou e continua a matar boa parte do meu dia. Não consegui sequer pôr as cervejas que comprei no caminho de volta na geladeira. Estou vidrado nas notícias e neste relato. Eu sei que sou ridículo, mas estou feliz da vida com tudo isso. Como é bom vencer!

Drunk 3

It`s becoming a kind of habit
As long no one can waste it
As long no one can taste it

It`s becoming a part of me
As long as you can`t touch me
As long I don`t get busted

It`s becoming true
And pure
as long as I don`t lie
As long as I can cry
As long as I`m not ill
And do just what I would,
And just distrust the cure.

That`s me baby,
running out of energy,
trying to tell you,
trying to tell you...
what you just won`t hear
what you just won`t hear.

sábado, 6 de setembro de 2008

A Drunk Post...

De lá pra cá
De cá pra lá
Onde estou? Onde eu estiver
Tanto fez como tanto faz
Desde que o peito pulse
Desde que as pernas valsem
Desde que o quadril chacoalhe
Desde que a vida peça bis
Pedindo pra que eu me divida
Entre o certo e o errado
Entre o samba e o recato
Entre o louco e o sóbrio
Desde que seja intenso
Desde que seja extremo
Desde que seja vivo
Desde que seja, não importa como for.

Maldita vontade de viver
Que me mata aos poucos
Maldita vontade de viver
Que me mata de uma só vez
E que me faz vivo
E que me faz sentir
E que me faz feliz
E que me faz distinto
E que me faz nobre
E que me faz pobre
E que me faz sonhador
E que me faz realizador
E que me faz fazer
O que tem que ser feito
Mas que não me deixa negar
O que a vida oferece
Mas que não me deixa planejar
O que o presente esquece
O que não me deixa ser a longo prazo
O que me faz profundo
O que me faz raso
O que me faz frágil, eterno
E que me faz rir
E me faz sério,
E me faz chorar
E me faz tédio.

Maldita vontade de extrapolar todos os sentidos
Que me faz perder o senso
Que amanhã me volverá tenso
Mas que hoje me faz como quis
Simplesmente puro, manso
E feliz!

Você

Me atrai...
me lembra....
me maltrata,
me consola,
me faz mais feliz
e mais triste.
e mais, muito mais amargo.

Você me faz doce,
me faz completamente abandonado e me faz novo
e me faz ir adiante
e me faz sofrer e sorrir
e não ter aonde ir.

Me machuca,
me protege,
me admira e rege.
E me sobe à nuca e à face.
E me faz corar e excitar...

E me atormenta
e me bajula
e me faz mais vivo
mais morto
mais sínico
mais tonto.

Você que me faz mais eu!

És capaz de me escutar?

Drunk Post 2

Sábado,
o passeio de todos os passeios
cínico, sonso, bobo e enganador.

Um sorriso amarelo pra lá
Boa noite, bem vindo.
Um aperto flácido de mão,
como está, e a família?.

Dinossauros se cumprimentam e decidem o futuro.
E você, eu...
tentando entender.
as novas instâncias de poder.
Tentando poder.

A pele vai enrugando,
e eu sentado nesta antiga poltrona,
tentado ser eu,
algo autêntico
e sendo um espalhafatoso e inútil
retrato comum,
do que há de mais comum,
e quer mudar sempre pra melhor.

Dedos aleatórios dão nisso,
palavras soltas,
mas tão carregadas de significado.

Pra rachar

Lá vai ele caminhando pela rua.
Esquiva do pedinte, contorna o motociclista que vem em alta velocidade pela calçada e vira depois do segundo ambulante para, enfim, perder-se em meio à multidão.

Só ali ele se sente feliz... só ali.
Só ali em meio à guerra cotidiana... só ali.
Só quando pode olhar feio o batedor de carteira. Só quando abraça com um sorriso amarelo e hipócrita o bandido fardado. Só quando descarrega de volta no mundo toda a carga de cinismo que recebe pela TV, revista e outdoor, ele se sente feliz. Só ali, no ringue sem regras das ruas da cidade.

Em meio ao caos, em meio à selva, em meio aos vermes e predadores... ele também se sente acuado, oprimido... busca um ponto no horizonte para descansar a vista, relaxar a mente, esclarecer suas idéias. Ele se sente feliz?

Não há horizonte nem caminho a seguir. Mas ele segue, se contorcendo pelos subsolos, em meio aos carros e ruas, entre o canto sufocado dos pássaros, entre a fumaça que lhe resseca a garganta e a vista.

Se lembra do espaço não povoado em seu coração. Da devastação causada por aquela mulher. E pensa que ali, naquela terra salgada pela desilusão, ainda seria capaz de crescer um jardim. Mas nas ruas da sua cidade não. Não há mãos dispostas a jardinar. E as pessoas lhe olham com desdém e desprezo. E assim o deserto citadino penetra seu peito.

Dilui no vento poluído seus sonhos, suas ilusões e seu desamor. E volta à realidade, ainda à tempo de atravessar mais um farol...

É bom recobrar a consciência, pensa ele. Aguça a visão, tensiona os músculos e penetra de novo a multidão. É hora de vingar-se.

A partir de agora, o mundo não vai mais debochar dos seus dias insossos e fúteis. A partir de agora, ele vai ser feliz.

Ele vai amar, nem que seja na porrada!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O homem grande

De vez em quando o menino fica murcho, sem forças.
Tem vontade volver à infância,
correr de meia pela casa,
dar asas a imaginação,
beber leite com chocolate em frente ao desenho animado.

De vez em quando o menino fica triste, choroso,
e surge uma vontade imensa de explodir em lágrima.
mas ao olhar ao redor,
não há quem possa ampará-lo,
e o menino já não cabe naquele imenso sofá.

O menino prefere o choro contido, o grito calado,
ao seu choro desamparado.

O menino virou homem grande,
mas o homem grande ainda não foi capaz de sufocar o menino.

O menino quer sorrir, correr, brincar de lutar,
enquanto o homem grande luta para sobreviver.
O menino quer chorar.
O homem grande engole o choro e segue adiante.
O menino é frágil e sincero.
O homem grande finge ser forte para não se expor.
Afinal, como é feio ser frágil.
Afinal, para que ser sincero?

O mundo roda e, todos os dias,
o homem grande entra em conflito com o menino.
O homem grande quer sufocar o menino,
o homem grande não pára.
O homem grande quer vencer, crescer,
quer que o menino se vá.
O homem grande quer ser forte, enfim.
Afinal, como é feio chorar.

Muitos deixam o menino partir...
Mas só o sábio homem grande o protege e ampara.
Só ele vê que o homem grande menino é a coisa mais bela.
E a mais rara!

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Poema-pílula 2 - correria

Queria fazer um poema curto
como tudo o que passa por mim.
Mas vou por o ponto final
e o poema não chegou ao fim
...

Poema-pílula 1 - Ah se eu pudesse

Se eu pudesse e conseguisse,
decoraria o dicionário
pra ver se encontrava, uma palavra
que eu dissesse e transmitisse
meu amor de solitário.

Se eu pudesse e conseguisse
eu a diria quando a visse
para ver se conquistava, uma coisa qualquer
que não se resume em palavra
naquela mulher.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Roda mundo...

Vale a pena conferir. O Roda Viva, programa da TV cultura, disponibiliza vídeos de 2 minutos e a íntegra do texto das entrevistas neste site.

Agora é só esperar o mundo rodar mais um pouquinho e, em breve, a íntegra dos videos estará disponível.

De qualquer forma, uma bela iniciativa.

E como um dos links mais acessados deste blog é a entrevista com Manuel Castells, deixo o link direto para a entrevista dele no Roda Viva. E já que estamos aqui, aproveito para recomendar também a excelente entrevista do Domenico de Masi.

domingo, 20 de julho de 2008

Sobre a Angústia

Falemos, então, sobre a angústia.
Angústia de querer ser, e não poder.
Angústia de querer logo, o que demora a acontecer.
Angústia de se sentir só, mesmo quando bem acompanhado.
Angústia de ver tudo dar errado.

Um nervoso, um medo...
de não ser quem se é,
nem quem se quer ser.

Um medo, um nervoso...
do tempo passar,
de crescer.

Da porta da rua pra lá
o mundo é hostil.
Carros velozes, bandidos armados,
peitos sangrando, corações machucados.
Da porta de casa pra lá
o mundo todo é hostil.

Mas seguimos em frente,
o que se há de fazer?
Punhos cerrados,
facas nos dentes,
prontos para a próxima batalha,
vestidos em nossos trajes de guerra.

E paradoxalmente, procurando o amor, paixão!

Angustiante! Não?

terça-feira, 15 de julho de 2008

Música na Net 3 - Jazz diferente

Som muitíssimo interessante da galeria do Jamendo, da banda chamada Suerte.

A banda traz neste album de 4 faixas um jazz diferente, alternando ritmos e com algumas experiências bem interessantes.

A primeira (Sieste Ocho), estilo jazz, é bem inovadora, e provavelmente a mais legal, misturando sopro com cordas (bandolim) e com uma bateria bem sincopada (quebrando o ritmo e a monotonia da música).

Nas outras faixas, o alto nível é mantido. A segunda faixa (Court-circuit) destaca-se pelo Sax e pela constante alternância de ritmos. A terceira (Long Cours) inverte o protagonismo dos instrumentos, deixando o bandolim mais em destaque e passeando muito bem pela variação de ritmos.

A quarta faixa (Pastèque), por fim, é a que dá nome ao album virtual. Fecha com um som mais metalizado, mas bastante fluente e animado.

Fica a dica para quem está atrás de um som diferente. E o melhor: a obra é licenciada em Creative Commons e não obriga ao pagamento de direitos autorais para uso privado e sem intuito de lucro. Pode baixar o CD.

Para apenas ouvir, clique no play:

  

terça-feira, 1 de julho de 2008

Um pequeno ponto...

Tem sido dito que a astronomia é uma experiência de humildade e formação de caráter.

Nós as vezes nos esquecemos... somos insignificantes. Se os prédios já nos cortaram o horizonte. Se a fumaça e as luzes da cidade já nos apagaram as estrelas... ainda bem que há algo para nos lembrar.

Vídeo: Pale Blue Dot


Baseado na obra de Carl Sagan.

Pra quem quiser se aprofundar na sua própria insginificância, as dicas na internet são os concorrentes google e Microsoft:
http://www.google.com/sky/
http://worldwidetelescope.org/

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Música na Net 2 - Rock bem feito!

Encontrei essa banda no Jamendo. Apesar de ainda não me parecer pronta e acabada, a banda é de fato muitíssimo interessante, não só pela letra, mas principalmente pelo instrumental.

Me lembrou, em diversos momentos, os já consagrados Los Hermanos, em especial pela paciência para desenvolver momentos puramente instrumentais no meio das músicas. Excelente!

Deixo a recomendação no blog. Para ouvir é só clicar abaixo no play! O CD inteiro pode ser tocado e baixado sem fins comerciais e sem ofensa a direito autoral.

  

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Sad, very sad.

Amanheci, entardeci, anoiteci: triste.
Uma angústia tomou conta do peito,
Um mar inundou meus olhos,
A sensibilidade desabrochou em flor.

Imaginando coisas que nunca vivi,
lendo um e-mail, corrente boba,
tive vontade de chorar.
A sensibilidade quase me abalou.

Desde manhã,
à beira do colapso.
Imóvel, contido em meus próprios sentidos, sentimentos.
Procurando entender onde está, no meu ser, enterrada tanta tristeza.

Será só um dia cinza?
Será só insegurança?
Será? O que será?

Talvez não seja nada.
Talvez seja só vontade de chorar.
Talvez seja o peso do mundo empilhado em minhas costas.
Talvez... nda.

Lá fora, o mundo é vasto.
Mas será que aqui, dentro de mim, sou capaz de me encontrar?
Lá fora, o mundo é vasto.
O que estou a procurar?

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Copy and Paste 1 - Scriptease

Tem coisas que a gente precisa simplesmente, reproduzir.

Dou a dica desse blog chamado Scriptease, que há algum tempo ando de olho e cujo autor(a) não conheço.

E com toda a licença, copio o último post, pra inspirar o leitor a ir além.

O MAPA DO TESOURO
Li em alguma revista que, enquanto os adultos que vivem ao relento geralmente não têm nada além da roupa do corpo, os meninos de rua são muito ciosos de suas posses. Pode ser um brinquedo velho, um tênis que não serve mais, um toco de lápis, um maço de cigarros... Eles procuram frestas e buracos no concreto e escondem todas essas preciosidades lá no fundo, livres de olhares cobiçosos. De quando em quando, voltam ao esconderijo, conferem se tudo está nos conformes, adicionam mais um ou outro bem encontrado por aí. Certo dia, colocam tudo num saco e carregam sua fortuna para outro lugar, pois aprenderam nas ruas que o movimento constante é uma prerrogativa da sobrevivência.
E eu, que pela janela do ônibus observo um mendigo de quem a vida tirou até os dentes, me pergunto em que momento exatamente aquele ex-menino esqueceu o caminho até o seu tesouro. Ou, simplesmente, abriu mão de tudo.
Sim, esse é o momento definitivo de uma vida.
Depois, restam esses dias acinzentados pela saudade ninguém sabe de quê e dedicados a uma busca sem fim.
Em cada fresta, em cada buraco da cidade, o túmulo de um sonho. E eu me pergunto, sem grandes esperanças, onde foi mesmo que eu enterrei o meu.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Mais Música na Net

Mais duas dicas de música na Net.

Site chamado MagnaTune, que tem por objetivo facilitar o licenciamento de músicas para que outras pessoas as utilizem em videos, filmes etc. Há muita coisa ruim por lá, mas muita coisa interessante e a experiência vale ser conferida.

Novo site da TRAMA, chamado Álbum Virtual em que são lançados álbuns virtuais que qualquer um pode fazer o download sem medo de ser feliz e de infrinfir direito autoral. A primeira experiência é com Tom Zé.

Gostou ou tem outras dicas? Deixe 1 comentário. E aproveite para conferir os links musicais!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Chacoalhando o esqueleto...

Para quem gosta de Dave Matthews, a obra de David Parsons é um prato cheio! Por sinal, este David Parsons, coreógrafo e dançarino, é o mesmo que recentemente criou uma obra de dança a partir das músicas de Milton Nascimento.

Vale conferir!

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Abrir as janelas

É sempre tempo de abrir as janelas.

Ver como a vida, ainda que dura, doída ou dificil pode e deve ser bela. Deixar-se ser turista dentro de nossas rotinas. Andar do outro lado do muro, pensar, refletir e criar. Separar cinco minutos das 24 horas para um sorriso, um bom dia ou um dedo de prosa qualquer.

Peço apenas que possamos sempre cuidar e adubar nossos solos de modo a permitir que nossas vidas semeiem-se fortes, profundas, bonitas e cheias de cores. Olhemos para fora...O mundo é grande mas cabe dentro das nossas janelas.


Por Marcello Bozzini

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Notícia do dia - Educação em alta

Impressionante por duas coisas:

em primeiro lugar, pela articulação entre as diversas esferas de governo, algo que já tinha sido elogiado nos investimentos nas favelas no RJ e SP.

em segundo, por conta do fenômeno Nordeste. Não só a região brasileira que mais cresce, como também a que mais melhorou os índices de educação.

Se assim continuar, antes do que esperado nós veremos a queda do coronelismo na região. Coronelismo que, muito provavelmente, se transformará em algo mais parecido com este novo poder de influência que se observa hoje nos grandes centros urbanos.

Enfim, é esperar para ver. Oxalá este fenômeno se repita em breve, no Norte e Centro-Oeste brasileiros.

Em tempo: a notícia é do Estado de SP de hoje.


Ensino básico supera meta no Ideb

Índice de qualidade para 2009 é atingido em 2007; mesmo assim, Brasil fica abaixo dos países desenvolvidos

Renata Cafardo

A educação básica pública brasileira superou em 2007 as metas de qualidade determinadas pelo governo federal para 2009. É o que revelam os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que será divulgado hoje pelo Ministério da Educação (MEC).


O Ideb foi criado no ano passado pelo governo e leva em conta as taxas de aprovação, abandono escolar e o desempenho em duas avaliações nacionais feitas em 2007, o Saeb e a Prova Brasil.

Segundo dados aos quais o Estado teve acesso, a nova média brasileira de 1ª a 4ª série é 4,2. O Ideb vai de 0 a 10. No ano passado foram divulgados os índices com relação às avaliações de 2005 e a média era de 3,8 (crescimento de 10,5%). No entanto, a meta que tinha sido traçada para que o País alcançasse em 2007 era de 3,9. Chegou, inclusive, ao objetivo para 2009, que era 4,2.

Segundo informações do MEC, o Nordeste foi a região que mais contribuiu para o aumento da nota do País. As médias dos nordestinos superaram as metas de 2007 e de 2009. Minas Gerais foi o único Estado que não atingiu a meta de 2007 entre 1ª e 4ª série. No nível de 5ª a 8ª, apenas Amapá e Pará não o fizeram.

O Ideb obtido por alunos de 5ª a 8ª série no Brasil foi de 3,8, o que representa aumento de 8,57%. Nesse nível de ensino, a meta para 2007 já tinha sido atingida (3,5), mas agora passou também o índice previsto para 2009, que era de 3,7. O ensino médio teve a média mais baixa, de 3,5, mesmo assim igualou a meta de 2009.

“É um ótimo resultado, mas as metas dos anos iniciais foram colocadas em níveis muito baixos”, diz o educador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Francisco Soares, ressaltando que mesmo as médias já obtidas continuam num patamar abaixo de países desenvolvidos. “No entanto, isso mostra que estipular metas e cobrar esforços traz efeitos.” Segundo ele, já que o País saiu de índices muito baixos, haverá mais dificuldades a partir de agora para melhorar.

“Foi a primeira vez que o Brasil teve um regime de colaboração. Antes, os sistemas estaduais estavam fazendo uma coisa, os municipais, outra e o MEC, outra”, diz a presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Dorinha Seabra Rezende. Segundo ela, iniciativas como o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), do MEC, e o movimento Todos pela Educação, organizado por empresários para apoiar a área, ajudaram nesse sentido.

Dorinha também é secretária da Educação de Tocantins, um dos cinco Estados que mais se destacaram no Ideb 2007. Além dele, Acre, Maranhão, Paraná e o Distrito Federal atingiram as metas de 2007 nos três níveis de ensino. Esses Estados melhoraram todos seus indicadores, como quantidade de alunos na série adequada para a idade e notas no Saeb e na Prova Brasil.

O crescimento de Tocantins chama a atenção porque em 2001 era o pior Estado em desempenho nos exames. Hoje, com uma rede pública de 560 mil alunos, tem um dos maiores salários de professores do País. “Nosso segredo é o monitoramento das escolas”, diz a secretária. Segundo ela, nada foi facilitado para que os alunos se saíssem melhor. A média passou de 5 para 7 nas provas e não há progressão continuada (os estudantes precisam passar de ano em todas as disciplinas). Projeções do MEC indicam que países desenvolvidos teriam Ideb 6,0. Hoje devem ser divulgados índices de todos os Estados.
COLABOROU SIMONE IWASSO



NÚMEROS

4,2 é o Ideb de 1.ª a 4.ª série
que representa um crescimento de 10% com relação ao índice de 2005, quando era de 3,8

3,8 é o dos alunos de 5.ª a 8.ª
que, em 2005, tinham média 3,5. Já estavam na meta de 2007

3,5 é o Ideb do ensino médio
que estava em 3,4 em 2005

domingo, 25 de maio de 2008

Música na Net

Apesar de não gostar de poluir muito o visual, recomendo fortemente estes sites, que podem ser boas fontes de conhecimento musical e distração. Substitua o Faustão meu caro, eu recomendo!

www.accujazz.com - um site só de jazz, em que você escolhe o que vai ouvir por estilo.

www.musicovery.com - onde você escolhe o que vai ouvir de acordo com seu humor.

www.jamendo.com - site só com músicas com licenças abertas, que qualquer um pode utilizar em seus filmes, por exemplo.

www.lastfm.com - você indica o artista e o site toca artistas parecidos para você.

Tem algo para indicar? Deixe um comentário!!!

Inspiração perdida

Um poema pelo poema que não foi escrito,
pela crítica viva e mal digerida,
pela vida sonhada e não vivida,
Pela obra roubada, pela obra perdida.

Um canto pelos cantos sufocados,
pelos cantos calados,
pelo canto no canto entocado.
Uma voz pelo canto encantado.

Uma lágrima pelo choro contido,
a salgar um sorrir desbotado.
Uma lágrima de amor reprimido,
a salgar um chorar colorido.

Uma voz, uma lágrima, um canto,
em busca do poema abortado,
do grito oprimido,
no reinado da inspiração perdida.

Que brilhou sem ninguém ver,
que comoveu sem derrubar lágrima,
que encantou sem sequer mover o canto dos lábios
que ignorou a rotação planetária e todos os dias sem cor
que morreu enjaulada, sem ser comunicada,
que foi enterrada na caixa de sapatos das lembranças esquecidas.

Um poema pelo que podia ser, mas não foi.
Que não foi por pura estupidez,
por medo de achar a saída
um poema pela inspiração perdida.

terça-feira, 20 de maio de 2008

O feio

Banalizaram o feio!
E agora?
O feio está tão na moda, mas tanto, que a moda passou e o feio ficou.

E agora?
Banalizaram o feio. E a feiúra é tão comum, tão ordinária e cotidiana, que deixou de ser feia...

E sem o feio, não há o bonito!
Sem o belo, e agora?

Nos renderemos, então? Seguiremos a corrente de banalizar o feio, tornar ainda mais horroroso o que já é horrível? Estaremos só a procura de algum destaque, à procura da nova feiúra da moda?

Não é bonito ser feio!
Nem mais contestador, isso é.
A maior bravura, a maior atitude hoje, é desafiar a moda e ser... talvez honesto, talvez até elegante. (quão fora de moda essas palavras).

Ser e criar o belo ficou tão difícil... Não bastam mais palavras de amor. Não bastam mais flores, presentes. Nós já não temos o absurdo para nos orientar.

Os limites foram todos rompidos e a flor feia nem consegue mais brotar no mundo de asfalto.

Pensam que ela é feia, que está fora de moda! Feios são eles! E a fumaça que lhes turva a visão!

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Em tempos de aquecimento global 4

Ainda sobre este assunto: duas notícias que não podem passar em branco, ambas veiculadas no Estado de S.P.

A primeira, no Estado de ontem, diz que a velocidade dos ônibus em São Paulo chega a atingir 2km/h na hora do rush. Outra, de hoje, divulga pesquisa realizada pelo Idec, na qual se revela que o preço das passagens de metrô em SP e RJ é proporcionalmente mais caro que nos outros países pesquisados.

Qualquer relação com trânsito, poluição e emissão de gases estufa será mera coincidência?


terça-feira, 13 de maio de 2008

Em tempos de aquecimento global 3...

Mais uma notícia para parar e pensar: o que será que isso tem a ver com o já aqui mencionado??? O que será que tem a ver com nossos hábitos, nosso modelo de desenvolvimento.

Não se trata só de trânsito, do tipo de combustível e energia que produzimos. Trata-se da organização espacial do trabalho, do modo que vivemos, da paixão pelo crescimento, pelos grandes negócios, do nosso excesso de individualismo.

Sei que é óbvio. Mas não custa lembrar.

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Taxa de CO2 na atmosfera bate recorde em 2007

O nível de concentração na atmosfera de dióxido de carbono (CO2), o principal gás do efeito estufa, bateu novo recorde. De acordo com o observatório de Mauna Loa, no Havaí, o índice em 2007 chegou a 387 partes por milhão (ppm) - cerca de 40% a mais do que havia antes da Revolução Industrial, no século 19.

Essa é também a mais alta concentração nos últimos 650 mil anos, de acordo com dados paleoclimáticos. O observatório é o centro mais tradicional de medição de CO2 no mundo, realizando análises ininterruptas desde 1959. Partiu dali o primeiro alerta de que a quantidade de gás cresce anualmente, confirmado depois por outras fontes.

Os dados ainda são preliminares e foram publicados no site da Noaa (www.noaa.gov), a agência americana de atmosfera e oceanos. Eles mostram também que, além da concentração recorde, a taxa de crescimento entre 2006 e 2007 foi alta, de 2,14 ppm. Em 2006, ela foi de 1,72 ppm. Nos últimos dez anos, essa é a 5ª taxa mais elevada, depois de 1998 (3 ppm), 2002 (2,55), 2005 (2,53) e 2003 (2,31). Entre 1970 e 2000, a concentração cresceu cerca de 1,5 ppm por ano.

A estimativa de crescimento anual de Mauna Loa pode ser diferente da média global. Contudo, os cientistas do observatório estimam que a diferença é pequena, de cerca de 0,26 ppm.

A concentração de CO2 na atmosfera e de outros gases, como o metano (NH4), emitidos especialmente por atividades humanas, é a causa do efeito estufa exacerbado e do aquecimento global que ocorrem hoje, segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).

Atualmente, o único acordo global que visa reduzir a concentração de CO2 é o Protocolo de Kyoto, em vigor desde fevereiro de 2005.

Ele, contudo, está distante do necessário: é voltado apenas para os países desenvolvidos, que devem cortar suas emissões em 5,2%, em média, até 2012.

Fonte: http://www.estado.com.br/editorias/2008/05/13/ger-1.93.7.20080513.6.1.xml

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Inclassificável

Chame-me do que quiser, porque não tenho nome. Defina-me, se puder, mas já adianto: não poderás.

Sou mutante, mutável, mas sou capaz de permanecer o mesmo quando me convém. Mudo de bairro, de rua, de cidade. Mudo meu corte de cabelo, meu jeito de vestir. Mudo meu jeito de ser. Sou mudo mas não fico calado, morto, enterrado. Mudo porque sou vivo. Canto porque me faz vivo.

Sou da classe inclassificável, ainda que todos me julguem, rotulem. Sou louco, sou sóbrio, liberal-comunista. Sou como meu mundo, nosso mundo. Um mundo que gira, que roda, mas que uns poucos querem fazer girar para trás. Mudo meu mundo. O mundo me muda. Sou tudo o que quero e não quero ser.

E quando penso, já sou. E quando calo, mudo escutando o que me quer diferente.

Sou novo, sou velho, inovador. Criativo, antigo, embromador. Sou apenas um bêbado, embriagado de horror. Sou apenas um monstro, entorpecido de dor.

Sou tudo, nada, sou como você é, como você quer e não quer ser. Estou em todo o lugar, mesmo sem me levantar. Sou feio, sou lindo, sou torto, estranho e comum.

Sou claro, sou negro, desbotado e colorido. Estou contigo onde você estiver. Sou e estou em todo lugar, mesmo estando em lugar nenhum.

Sou muitos, sou todos. Sou um.

Sou como você quer e não quer. Foda-se: chame-me do que quiser.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Por enquanto: X

Por enquanto X...
Sei lá o que é o amanhã,
Sei lá o que foi ontem,
Sei lá qual a próxima palavra,
A palavra.


Vou saber o que pensar
Se mudo o que penso a cada instante?
Vou saber o que querer,
Se quero o que posso e mais um tanto?


Sei lá...
A imprevisibilidade da vida ora me assusta,
Ora me excita.
A previsibilidade ora me acolhe,
Ora me encolhe, me tolhe.


Vai saber...
A vida é frágil demais.
Os caminhos todos, são tortos demais.
As emoções, a alegria é fugaz.


Sei não...
Um dia a gente toda pira, fica louca. Sai de touca e cueca na rua.
Sei não...
Um dia a gente exorcisa toda injustiça, ou a faz o injusto com as próprias mãos.


Quem sabe...
E se as coisas voltassem a ser como antes?
E se as coisas forem melhor no futuro?
E se agora for meu melhor instante?
O que nos aguarda...
Quem sabe?


Por equanto X!
Só sei que agora: X.
Só sei que não sei nada.
Apesar de saber tanta coisa,
E ter tanto a dizer...


Só sei que a imprevisão ora me esmaga,
Ora me afaga.
Que a previsibilidade ora distrai,
Ora me trai.


Vai saber...
O amor é louco, rapaz.
E somos todos novos demais...
Nos corações, na vida fugaz.


Sei não...
De repente o tempo melhora e evapora. Sobra só realidade nua e crua.
Sei não...
De repente a gente sente... e é pura ilusão.


Quem sabe...
Por enquanto X!
E viver a incógnita me faz mais feliz!
Ou não...

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Até quando?

O poeta sabe o que importa.
Sabe o que faz sentido.
Desfaz-se das letras mortas.
Bate e rebate, seu peito doído.

Prefere a libertação.
Escolhe o lirismo dos bêbados.
Desfere golpes com os dedos.
Fere o próprio coração.

O poeta desfez-se das coisas mortas,
Que alguns cultivam por todo o canto.
Rompeu o horizonte, janelas e portas.
Rompeu o silêncio com um doce canto.

O poeta quer carros, jóias, mulher?
Jamais seria tão tolo. Nem seria poeta!
Busca aquilo que a vida não quer.
Não acerta o alvo, deseja ser seta.

O poeta está farto,
Da realidade mesquinha e grosseira.
O poeta cansou-se,
De jornais, tvs, baboseira.
O poeta mudou-se,
E foi atrás de uma outra visão.
O poeta é um fato
Que contra-argumenta com o coração.

A Natureza lhe chama,
Ele abandona a cidade cinzenta.
A Natureza reclama,
Morrer de morte tão violenta.

E enquanto os prédios sobem...
Seus sonhos voam mais alto.
E enquanto os carros se movem...
Seus pés traçam um novo salto.
E enquanto o mundo gira...
Você está aí parado.
Enquanto a vida expira...
Você espera sentado.

Até quando???
Até quando vai morrer pelo alvo, a meta?
Sem saber que a vida é percurso, é seta...
Até quando???

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Entrelinhas

Eu preciso viver de poesia, alegria.

Eu preciso.

Porque senão, a vida empaca,

estanca.

Porque senão, a vida é torta,

é manca.


Dia sim, dia não,

renovo meus motivos pra chorar,

pra sorrir.


Dia sim, dia não,

renovo meu desejo de sonhar,

sentir.


Dia não, dia sim,

Morre e nasce o que morreu em mim.


Dia não, dia sim,

Recomeça o que chegou ao fim.


É claro, é óbvio.

A vida é cíclica.

Saber entender isto,

mais do que uma simples premissa racional,

um simples ditado,

é que demanda muita sabedoria,

muita alegria seguida de dor,

muita aflição remoída.

Ansiedade, felicidade,

frustração reprimida.

Desilusão, paixão,

Ruas sem fim e sem saída.

Vagar sem rumo, sem norte,

perder o prumo, a pose e a classe.

Ganhar no azar, perder na sorte.

Rogar aos céus que o tempo pare, passe.

Chorar e rir, ser fraco e forte.


O dia termina, o dia recomeça,

os dias passam sem pedir licença.

A barba cresce, aumenta a pressa,

em sentir que a vida vale a pena.


De nada adianta, porém, a minha angústia.

De nada adianta rezar e implorar.

A vida vai continuar a seguir

e o melhor que posso fazer, é sorrir.

É chorar.

Sabendo que não importa, no fundo, o sentimento.

O que importa é que ele seja intenso.

Oscilar entre dois extremos,

abandonando meias palavras,

panos quentes.

Abandonando minhas máscaras,

libertando-me das correntes.


O que me importa,

é derramar lágrimas de verdade,

Não sorrir de pura hipocrisia.


O que me importa,

é um abraço de saudade

e não o peso da melancolia.


O que eu quero, enfim

é ser autêntico.

Respeitar o meu momento,

minha alegria, sofrimento.


Respeitar o sentimento

que morre e brota em mim.

Viver a vida, é mais fácil assim.


Esquecendo que ela um dia termina.

Esquecendo do status, grana e fama.

Olvidando a pressão por sucesso.


Viver a vida, é libertar-se disso tudo

e da pressão de tornarmo-nos o que não queremos ser.

E nestes momentos, de fugaz liberdade

Eu posso afirmar.

Que sou feliz.

Que me sinto vivo.

Que desejo todas possibilidades,

novo, velho, criativo,

Velho, novo, aprendiz.

Sem medo da novidade.


Assim, porque a vida é assim.

Novidade, imprecisão, anti-rotina.

E não sou dono do meu nariz,

(ainda que assim deseje).

Eu não sou dono do meu destino,

nem posso ser tão arrogante,

querer controlar todas as variáveis.

Não sou senhor do passado, do futuro.

Decido apenas pelo meu presente,

o maior presente deste mundo.


Otimismo exagerado???

Fatalismo???

Só se em algum ponto destas linhas

Não entendeste do que falo.

Se em algum lugar, nas entrelinhas

Não captaste o que não digo.


Triste seria,

querer resumir tudo em palavras.

O silêncio ainda é mais importante.

E neste momento,

lhe darei lugar...

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Merda minha.

Olho ao redor
As pessoas estão na merda.
Pessoas assitindo merda.
Empanturradas de merda.
Pessoas falando merda.
Repetindo merda.
Merdas empurradas goela abaixo
de pessoas com cabeça de merda.

Escatológico, sim! Um grande cocô!

Merda por merda,
prefiro as merdas que falo,
as bostas que penso,
as merdas que faço,
meu viver intenso.

Merda por merda,
prefiro as bostas que calo,
os sapos que engulo,
as regras que cago,
meu poema chulo.

Minha merda, pelo menos, é merda minha,
Da merda das minhas idéias.
E não das idéias de merda,
que se vê por aí!

Minha merda, pelo menos, é merda pura.
Ainda que não seja limpa,
Ainda que não seja dura,
Ainda que não seja linda,
Ainda que não seja escura.

Cagar letras num papel
Borras as teclas do teclado
me alivia.
É prerrogativa de todos, necessidade minha
Direito sagrado,
do cú do aposentado,
à bunda da criancinha.

Mas minhas fezes,
na maior das vezes,
buscam ter consistência.
Mesmo meus gases,
Na pior das fases,
Tentam ter coerência.

Não como merdas, de outros merdas, por aí.
Sem recheio, mira ou meta a atingir.
Merdas que enchem nossa cabeça de bosta.
Fezes sem teses,
que a imensa maioria gosta.
Bosta sem proposta,
que a imensa maioria bebe. E ri!

Merda por merda.
Minha merda, pelo menos, é merda minha!

quinta-feira, 27 de março de 2008

Sei lá...

É, não sei mesmo.
É duro quando a gente vê que se aproxima o fim de uma Era.
Mesmo quando era uma Era ruim. Ainda sim,
era uma Era.
 
Daí o novo vem, arrebatando tudo.
Percebe-se, só aí, que nossos atos surtem efeitos.
Uma lágrima enche um olho ali.
Outra escorre acolá.
Inundando o peito de calor.
Apaziguando a dor.
Ainda que só por um instante.
 
E para encerrar o velho,
a Era que já era.
é difícil.
 
Prazos estourando em todos os cantos,
insatisfações milhares.
Inércia,
dificuldade de se mover,
de ir atrás do nosso querer.
 
Pendências duras de serem resolvidas,
mas tão necessárias.
Porque senão,
deixam os outros na mão.
Porque senão,
não cicatrizam no meu coração.
Porque senão,
não adianta o tempo passar
E a gente passar o tempo na espera.
 
Pendências indigeridas, indigestas
E a velha Era não se encerra.
 
Por isso, quando algo acaba, a hombridade nos manda encarar de frente.
Mesmo que seja algo duro, triste.
Mesmo que nem para nós, seja algo contente.
O que importa, é... sei lá.
algo que pulsa, no peito a palpitar.
Algo a soprar, mandar 
um corrigir de direção.
Algo a pedir, clamar,
um pouco mais de atenção.
 
Aí, então,
palpite incerto,
só para sair da certeza agustiante,
de que algo está errado.
 
Entro n'aventura errante,
Coração amargurado.
Sem certeza do futuro
nem ter medo do passado.
 
Aí então,
torço para estar por perto,
um lugar mais belo e puro.
um local mais lindo e raro...
 
Sei lá! Vai saber...
deixa a água correr...
 
Sei lá! Sabe lá...
deixa o pranto rolar!

segunda-feira, 24 de março de 2008

Rádio DoGómez no ar... e pés no chão.

Finalmente, consegui colocar no ar a Rádio DoGómez, sincronizada com meu iTunes, além de tudo. À princípio, a rádio deveria trazer só coisas interessantes e novas, que eu julgasse não ser de conhecimento comum.

De qualquer forma, ela compartilha um pouco do meu gosto musical e, por que não, pode trazer alguma novidade para alguém, relembrar uma canção esquecida, sei lá... Aceito críticas e comentários.

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Rádio à parte, o blog atinge a marca de 400 visitas únicas. Será que chega nas mil? Definitivamente não é o que mais importa.

O que mais importa é saber que há mais alguém por aí interessado em sonhar com os pés no chão.

E assim, se voa longe... Tomara!

sexta-feira, 14 de março de 2008

Sentido

Saiu pela rua, procurando encontrar um sentido.


Não um sentido para a vida, assim, em sentido amplo. Nem mesmo um sentido, assim, no sentido estrito, de ter de onde ir. Podia simplesmente ir para onde os pés ou o nariz apontavam. Virou à direita, convicto que sim, era isso. Era nesse sentido que divagava e vagou, à procura de algum sentido.


Olhou as pessoas atribuladas, correndo de um lado para o outro. Fazendo o quê? Iam para onde? Em busca do quê? Sentiu-se só, naquela multidão. Todos sós, todos em sentidos opostos, desviando dos carros, dos buracos nas ruas, de balas tão perdidas quanto cada um em meio àquela multidão.


Observou aquele caos sem sentido. Sentiu pena de si, dos outros... Quis sair. Dobrou à direita e saiu pela rua, procurando encontrar um sentido.


Fechou os olhos e ouviu o canto maligno da cidade. Motores, buzinas, pneus, vozes abafadas. Nenhum canto de pássaro, nenhum grilo, cigarra ou equivalente. Nem sequer um latido. Quis gritar o seu grito contido, mas berrou um eco emudecido. Baixou os olhos para o lixo na sarjeta, assistiu mais um papel de bala cair ao chão e pensou: esse mundo está perdido, nada disso faz sentido.


Saiu pela rua, procurando encontrar um sentido.


Mas antes disso, respirou fundo até encher de fumaça os pulmões. Soltou o ar, sentindo-se aliviado. Deu nova tragada equivalente a cinco cigarros por dia, jogou a fumaça de volta ao esgoto, sentiu-se aliviado, tonto e sem sentidos. Quis andar, sair pela rua... atrás de alguma sensação, sim, algo que lhe restabelecesse algum sentido. À direita e avante, reiniciou seu caminho em círculo.


Parou no bar mais próximo, em meio a bebidas e cigarros, bêbados e fumantes. Desgostoso, comeu outro enlatado insosso: edulcorantes, conservantes, colorantes e aromatizantes. Respirou fundo, pensou colorir sua rotina sem gosto. Amortizou sua fome de vida e sentiu-se feliz, sem perceber que tal não fazia sentido.


O amor cruzou a rua e olhou-lhe nos olhos vermelhos. Se ela pudesse ver atrás dos seus óculos o olhar tenro que lhe retribuía. Se ela pudesse sentir o coração que fervia, atrás daquela fina gravata.


Se ele fosse capaz de atravessar aquela multidão, aquelas partículas sólidas de fumaça... Se fosse capaz de lhe dirigir doce palavra, ouvir sua doce voz, em meio à tanto ruído... Se pudesse sugar o mel dos seus lábios, tudo seria possível, faria sentido.


Hesitou por um momento, num instante perdido. Blasfemou o minuto corrido, o relógio girando em sentido anti-horário. Lamentou o passado e o peito moído, sua cara de otário, o sofrimento vivo e sentido.


Dentro da bolha permaneceu, dando voltas no quarteirão. Com insulfilm nos óculos, com blindagem no coração. E apesar de frágil como uma mosca, viveu "feliz" para sempre, a vida de sucesso dos fracassados.


Seguiu a vagar pela rua, massacrando seus próprios sentidos, sem sentido. Sempre à procura da cura, à procura de algo perdido, que pulsasse em seu peito vazio, doído.

Clássico

Sensibilidade à parte, vai ter clássico no domingo.
 
Não que isso seja motivo para colocar os textos mais emotivos de lado. Justamente o contrário: clássico é emoção e há muito o alvi-verde não tem um elenco tão capaz de medir forças com o tricolor.
 
De um lado, um time aspirante à títulos, mais bem encorpado, em melhor fase e com mais sede de vitória. De outro, um time que na história recente ficou habituado a vencer e em evolução, sem débitos com sua torcida e com jogadores experientes e perigosos.
 
Para por ainda mais pimenta, o jogo é decisivo para as pretensões de classificar de ambos os times.
 
Qualquer palpite é perigoso. Mas o coração alvi-verde palpita mais, mais aflito, ansioso por qualquer pequeno troco que possa ser dado aos tricolores pelo passado recente.
 
Tem tudo para ser um jogão.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Crônicas de um palestrino 3 - O time de 1996.

O time de 1996 do Palmeiras foi um dos melhores que já passou pela face deste humilde planeta. Mais de 100 gols no Paulistão, no qual foi campeão.

Vice-campeão da Copa do Brasil, em virtude de uma falha individual do goleiro Velloso, que ainda mora no coração do palmeirense.

Me faltaria memória e emoção para escrever sobre este time, emoção que senti ao ler essa crônica do Armando Nogueira, copiada abaixo. A coluna fala mais do que eu poderia dizer, em mil palavras.

Realmente, o negócio ali era sério:




A coluna foi retirada do Blog do Roberto Galluzi Jr., que escreve no site da globo.

Gostou? Então deixe seu comentário...

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Coração abusado - razão pra sentir

Durante muito tempo, acreditei piamente ser um ser racional, ou predominantemente racional. Minha vida, então, era orientada por essa falsa crença. Observava situações passadas e massacrava minhas atitudes ou minha falta de atitude, depositando a culpa de muitos insucessos na excessiva racionalidade, que me impedia sentir.


Levei mais de 24 anos de vida, algumas sessões de terapia e suas avaliações para perceber o contrário. Meu lado mais desenvolvido era justamente o lado emocional, que eu tentava, em vão, libertar. Se tal descoberta não chegou a ser traumática, reorientou a interpretação de várias situações vividas anteriormente. Aquela culpa por meus insucessos que, injustamente, eu atribuía à minha racionalidade, não tinha mais razão de ser.


Descobri que tinha um coração abusado. Um lado emocional mais forte e mais maduro do que eu mesmo imaginiva. E essa consciência me fez explorar novas possibilidades. Descobri meu lado racional deficiente, ao menos em alguns aspectos, e passei a estimular seu desenvolvimento.

Mas o coração abusado sempre bateu mais forte. E por bater tão forte, muitas vezes apanhou da vida, que revida. E por bater tão forte, orientou muitas decisões certas e erradas.


Por ser tão abusado, nunca precisou de razão pra sentir.


Isso não significa que fico por aí a chorar sem motivos. Mas quer dizer, sim, que choro por motivos fúteis, bestas, tolos, ao menos aos olhos dos corações racionais, incapazes de compreender minha emoção sem razão. É verdade, sim: eu preciso de menos razão pra sentir, o que faz do meu coração um órgão irracionalmente razoável. Um coração que abusa da faculdade de sentir e que é freqüentemente abusado, usurpado, por aqueles que lhe enrolam e iludem por quaisquer razões, mesmo que fúteis, tolas, bestas. Abusam do meu coração, como se tal fosse razoável.


E isso me faz perguntar: serei eu então, o irracional? Serei eu, então, o pouco razoável? Devo eu, mudar? Ou vivo feliz por sentir, ainda que as mais diversas razões me levem aos extremos da alegria e do sofrimento, mesmo sem razão aparente?


A dúvida é pertinente. E a razão não é a única capaz de lhe oferecer resposta.

A dúvida é permanente. E não vai se dissipar enquanto houver coração pra sentir.


Perdoem, caros leitores...

"Se o quadradismo dos meus versos,

vai de encontro aos intelectos,

que não usam o coração,

como expressão."

(Você Abusou – Antônio Carlos e Jocafi)