quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Fragmento de mim


São milhares as partes em mim,
Espalhadas em partes que não entendo,
Partes que não toco e não ouço e não vejo
Partes que existem apenas, porque sinto
Porque sei que a vida só vive se há sentimento.

Mas e as partes de mim que não são,
Não sei,
Não vem, nem vão.
Partes que juntas, me fazem todo.
Todo do que sequer sou metade.
E meu coração, de emoção partido.
Amor que se parte,
E um peito que bate doído.

E esta parte de mim que não sente?
Meu coração que não bate
Ou que bate burocrático,
Jogando apenas pelo empate.

Mas e a parte de mim que não pulsa?
A parte alheia ao meu corpo.
O músculo que não se mexe, que não sente dor.

E a parte de mim que se esconde?
Que não se revela.
Que não sai de mim.
Será mesmo uma parte de mim?
Ou apenas uma parte do que imagino ser?

E a parte de mim que não chora?
Que ignora a tristeza,
Que não sabe chorar,
Uma parte triste. Que triste.

E a parte de mim que te espera?
Que pede carinho,
Que quer um abraço,
Que sofre e fica carente, doente.
Parte que existe em mim o tempo todo,
Porque estou vivo.
Porque sou assim.
Porque sou humano.

Mas e a parte de mim que não sonha?
E que por isso mesmo não encara a realidade.
Parte que não dorme,
Sangrando minha aflição,
Derramando no chão meu desespero,
Minhas lágrimas, meus amores,
E tudo mais do que é feito a vida.

Pedaço de mim que não nego,
Porque não me pertence.
Porque é um todo do qual sou pedaço.

...

Fragmento de mim!
Fragmento!
Fração que se espalha e que eu não entendo.
Que eu não posso enxergar.
Que me supera
E me cora o rosto
Que me ergue aos céus
E que me faz voar.
Que me derruba aos prantos
E finca meus pés no chão.

Inteiro, eu?
Pudera...
Serei sempre parcela. Parcial.
Multiplicando os espaços do meu coração.
Tentando guardar nestes cantos, um pedacinho do mundo.
Assim...
Sonhando cravar na vida, no mundo, nos outros,
Um pedacinho de mim.

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