sábado, 21 de julho de 2007

Vi – me pa ba.

Escrito originalmente em 23 de fevereiro de 2007 (com alguns retoques)

Boa noite,

Boa noite, como está?

Vamos indo...

Indo a algum lugar especial?

Não exatamente.

Como assim, então, vamos indo?

Vamos indo, você sabe.... Quando dizemos que estamos indo na realidade a gente não está indo à lugar algum. Na verdade estamos inertes, parados, simplesmente esperando alguma resposta da vida.

Resposta pra que pergunta?

Pra pergunta: onde devo ir?

Então você está me dizendo que quando você está indo você na verdade está sem saber para onde ir? Que você está esperando uma resposta da vida? Mas a vida nos dá a resposta? A vida nos dá a direção?

A vida aponta alguns caminhos, sim. Justamente quando achamos que estamos no caminho certo, vem a vida e vira a vida de baixo pra cima, de cima pra baixo, e eu me perco, e eu acho, e eu sigo na vida, às vezes indo a algum lugar especial, às vezes simplesmente indo, porque parados não podemos ficar.

Não podemos ficar parados esperando a vida apontar um caminho?

Bem, até que podemos. Mas a vida não é assim. A vida acontece no caminho. E o caminho só existe quando o trilhamos. Então acho melhor eu ir indo mesmo que eu não saiba aonde ir.

Já vai? Porra. Agora que eu tava entendendo esse lance do caminho.

Não babaca, foi modo de dizer.

Ah... modo de dizer... Louca essa vida né?

Essa qual?

Essa que todos nós vivemos, nos matando pra viver.

Um pouco paradoxal, não? Se matar para viver.

É o dilema da vida.

E da morte?

E da morte. Morrer para viver, viver se matando, matar ou morrer... por aí vai indo.

Indo aonde?

A lugar nenhum, foi só modo de dizer.

Não entendo. Pra que viver se matando? O pessoal não aprendeu nada com aquela história do tome gravata? A galera vive muito na filosofia do “time is money”.

É, são os tempos modernos!

Do Chaplin?

Não quis dizer isso. Mas o do Chaplin ainda serve.

Pois é... vivemos matando um leão por dia para roer um osso no jantar.

Porra... Come o leão né meu irmão.

Porra babaca. Foi modo de dizer.

Eu sei bobão. Tô falando que a gente merecia uma carninha de leão.

Merecer todo mundo merece.

E aí?

E aí que a vida não é assim?

A vida é ir tomando no rabo e indo?

É...

É o caralho. Vou ir indo e sorrindo? Nem fudendo. Aliás, quem inventou essa merda de ir indo. Puta frase de merda.

Devem ter sido os caras do telemarketing.

Pois é. Devem ter aprendido com os gringos. I will be going.

Mas se você ainda vai estar indo, você está fazendo o que?

Você está fazendo porra nenhuma. Você tá parado e a vida tá passando bem diante dos seus olhos.

Então esses putos do telemarketing tão sempre me enganando?

Como assim, tá maluco cara?

Porra. Os caras vão sempre estar providenciando, estar fazendo, estar encaminhando. Na verdade eles não estão fazendo porra nenhuma.

Mas vão estar.

Mas não estão porra. Resolve logo a merda do meu problema.

Mas será que eles sabem onde ir?

Mas não era indo que se descobria onde ir.

Pois é. Dizia o poeta que "um passo e você já não está no mesmo lugar".


E dizia também que "eu me organizando posso desorganizar".

Pois é, mas eu nunca entendi a vantagem de me organizar para desorganizar. Puta idéia besta.

Besta é tu. Depois você organiza de novo.

Grande bosta. Só gera retrabalho.

Grande bosta??? Porra. Você não entendeu nada? Você organiza de um jeito melhor.

De um jeito em que eu não precise me matar pra viver?

Pode ser. Mas seria melhor de um jeito que ninguém precisasse se matar pra viver...

Tipo, que todo mundo vivesse pra viver?

É. Seria, no mínimo, interessante. Mas como seria se a gente vivesse pra viver?

Ah... Seria bom. Primeiro a gente pararia de fazer coisas estúpidas.

Coisas estúpidas.

É, do tipo trabalhar que nem um filho da puta pra atrasar a vida dos outros.

Sei, tipo trabalhar na Telefónica.

Ou na Veja.

Puta, essa é foda.

É. Essa é uma merda.

Mas e depois.

Depois a gente passaria a fazer coisas produtivas, trabalhar com coisas realmente importantes e se importando com aquilo que realmente importa.

Nossa. Isso é difícil.

Pois é. Mas se você vai por esse caminho, a vida aponta a direção.

É, vou estar indo.

Ixi, tá com mal de telemarketing. Desse jeito você não vai a lugar nenhum.

Nem a vida me aponta a direção?

Tá pensando que a vida é guia de turismo, que vai passar com a bandeirinha e te empurrar pra dentro do bonde? A vida é dura meu caro. Se você perder o bonde, tá fudido.

Pois é. E com esse transporte público, a gente até cansa de esperar.

Coisas da vida.

E da morte?

Não, nesse caso acho que é só da vida mesmo.

Vidaloka, mas sensata.

Loucos somos nós. Nós que enlouquecemos a vida.

Vida cruel.

Pois é, vida cruel. Quero meu dinheiro de volta.

Time is money....

Verdade, vou estar indo.

Para com isso, vai logo de uma vez e para de me enrolar.

Verdade, vou nessa, esperar a vida apontar uma solução.


mmmm... Ouça um bom conselho...

Você me dá de graça?

Espere sentado, ou você se cansa...

Está provado?

Isso mesmo.

Saquei.

Sacou! Pra bom entendedor, me pa ba.

Pois é vou in.

Abra

Bei na fami,

Hahaha, bei nas crian

Aco

Idro

Ida

Zol


Hahahahaha. Braço

Braço

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Sonho

Escrito originalmente em março de 2006.

Eu preciso sonhar...
Se eu não sonhar, eu vou viver de que?
Viver de dinheiro? Viver de conquistas? Viver de glórias, luxo, fama?
Não, eu prefiro sonhar. Eu preciso sonhar.
Eu preciso de algo que eu não alcanço.
Eu preciso de mais do que posso carregar.
Eu quero abraçar algo maior que eu, maior que meu abraço.
Eu preciso abraçar todas as pessoas. Só um amor não me basta.

Eu desejo a meta inatingível, a perfeição.
O possível é sem graça. O difícil me estimula.
Mas perder o fácil me dá medo.

Eu necessito de sonhos, de idéias, de coisas impalpáveis.
O concreto é sem graça, sem cor, sem vida.
O palpável está perto, já é meu, basta querer.
O sonho não. O sonho é a minha vida.
Meus ideais são minha razão de ser, meu motivo, meu motor.
Sem eles eu não saio do lugar.
Só sonhando, eu sei, eu não me movo,
mas sem sonhar... Sem sonhar eu nem existo.

Sorte daqueles que amam acumular bens, dinheiro, poder.
Isso tudo é tão fácil. É tão simples.
Bem aventurados os que assim são felizes.
Para mim não, as coisas não são assim.
Não nasci para consumir, para economizar, para investir na bolsa, apostar no cavalo.
Não me encanta o carro importado, a roupa da moda, a festa do ano.
Não me atraem jóias nem maquiagem.
Para mim, as coisas não são tão fáceis.

O que me encanta é o olhar perdido de cada um.
Encanta-me cada imaginação, cada idéia, cada vôo de distração.
E me dói quando eu aterrisso no mundo sem sonhos. Nesse mundo sem grama. Concreto.

Um dia, hei de me desprender disso tudo.
Aprenderei a atravessar as paredes.
A me transportar só com meu pensamento.
Nesse dia, o sonho não terá virado realidade. Isso é fútil.
Nesse dia, viverei dentro do meu próprio sonho.
E que se fodam os caretas.

Súbita Inspiração Sem Sentido

Escrito originalmente em 10.08.06


Poema que brota em mim.

Poema que nasce de repente

Que me eleva aos céus

E me revela encantos

E que me joga ao chão

E me derruba em prantos


Poema súbito, incisivo

Contra o qual sou impotente.

Poema violento, agressivo,

Que me arrebata a mente, e mente.

Poema que me engana,

Que cega minha visão insana,

Completamente.


Poema que me faz sofrer.

Que me relembra amor

Que me destrói a infância

Poema que esmaga flor.


Poema agudo, pontiagudo,

Cortante.

Frases, fases, rimas,

Cor do que me fez amante.

Cor do que desbota em mim.

Água suja dos meus sonhos pelo ralo.

Mentes sujas que não sabem do que falo.


Cores mortas e um poema que as aborta.

Palavras tortas, que ferem o peito, porque calo.

E daí, a vida entorta,

E a palavra já não cabe em minha boca.


E mesmo que eu não a entenda,

Mesmo que não haja dicionário que a explique.

Que não haja língua que a fale

Nem boca que receba seu beijo doce

A palavra explode,

A palavra escala e estala.

Violentamente.

Violenta, mente.

Violenta a mente

Nos versos de um poema sem sentido.

Nos pensamentos de um peito doído.

Nos controversos dias sem sentido.

domingo, 15 de julho de 2007

Aqui estou,
aqui escrevo,
do papel, ao monitor
das canetas, ao teclado.
Do virtual, de volta ao real
Do concreto, de volta ao sonho.
Tudo para escapar das grades da prisão
Que existem, mesmo sem podermos tocá-las,
que nos prendem, mesmo sem acorrentar
e que me mata, por escancarar
e me fazer encarar a vida.

Fico de cara.

Eu quero sair. Eu quero que meu pensamento voe.
Eu quero viver. Quero que a vida pare.
Mas o tempo voa.
E a vida passa.
E nós tentamos torná-la menos sem graça.
E pensamos,
E pensamos...
E o tempo passa.
E a vida fica cada vez menor,
cada vez mais presa e escassa.
Passa-tempo, com certeza,
não é coisa que se faça!