quarta-feira, 18 de julho de 2007

Sonho

Escrito originalmente em março de 2006.

Eu preciso sonhar...
Se eu não sonhar, eu vou viver de que?
Viver de dinheiro? Viver de conquistas? Viver de glórias, luxo, fama?
Não, eu prefiro sonhar. Eu preciso sonhar.
Eu preciso de algo que eu não alcanço.
Eu preciso de mais do que posso carregar.
Eu quero abraçar algo maior que eu, maior que meu abraço.
Eu preciso abraçar todas as pessoas. Só um amor não me basta.

Eu desejo a meta inatingível, a perfeição.
O possível é sem graça. O difícil me estimula.
Mas perder o fácil me dá medo.

Eu necessito de sonhos, de idéias, de coisas impalpáveis.
O concreto é sem graça, sem cor, sem vida.
O palpável está perto, já é meu, basta querer.
O sonho não. O sonho é a minha vida.
Meus ideais são minha razão de ser, meu motivo, meu motor.
Sem eles eu não saio do lugar.
Só sonhando, eu sei, eu não me movo,
mas sem sonhar... Sem sonhar eu nem existo.

Sorte daqueles que amam acumular bens, dinheiro, poder.
Isso tudo é tão fácil. É tão simples.
Bem aventurados os que assim são felizes.
Para mim não, as coisas não são assim.
Não nasci para consumir, para economizar, para investir na bolsa, apostar no cavalo.
Não me encanta o carro importado, a roupa da moda, a festa do ano.
Não me atraem jóias nem maquiagem.
Para mim, as coisas não são tão fáceis.

O que me encanta é o olhar perdido de cada um.
Encanta-me cada imaginação, cada idéia, cada vôo de distração.
E me dói quando eu aterrisso no mundo sem sonhos. Nesse mundo sem grama. Concreto.

Um dia, hei de me desprender disso tudo.
Aprenderei a atravessar as paredes.
A me transportar só com meu pensamento.
Nesse dia, o sonho não terá virado realidade. Isso é fútil.
Nesse dia, viverei dentro do meu próprio sonho.
E que se fodam os caretas.

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