segunda-feira, 17 de novembro de 2008

1000 e um caderno

Não cheguei exatamente a fazer uma contagem regressiva, mas contei mil visitantes únicos ao meu blog.

A maior parte deles passeia perdida pela rede, quase sempre procurando alguma coisa sobre o Palmeiras, alguma crônica. Muitos também vem atrás de algum poema homônimo (vários buscam por Ah, se eu pudesse ou Letras tolas).

Muitos chegam até aqui atrás de Manuel Castells, em virtude de algum post deixado no curso da vida recente deste rascunho das minhas idéias.

Mas há uma parte que vem e que sempre volta. Alguém em Nova Iorque, que sempre visita. Há um visitante constante também da California e outro da Suíça. Quem são estes misteriosos seres virtuais (e muito reais, sei bem), não sei dizer. Mas são estes que motivam este daqui do outro lado a escrever, de vez em quando. Estes que deixam recados, mesmo que anônimos. Aqueles que já esqueceram destas linhas bestas, mas que um dia irão voltar só pra saber o que se passa com esta mente inconstante.

Enfim... não é com agradecimentos pelo milésimo click que quero concluir o que tento expressar. É simplesmente reafirmando que o propósito disso tudo é deixar sair aquilo que vive lá dentro, me atormentando, me movendo adiante, me fazendo curioso, triste e pensante.

E é com o espírito de compartilhar que encerro estas divagações, recomendando algo que nem precisaria ser recomendado, mas que já vai direto para o blogroll aqui ao lado direito: o caderno do Saramago.

E é com o espírito de compartilhar que devo voltar a me fazer presente nestas linhas também.

Saravá

Letras jogadas numa folha rasgada

Escrito originalmente no final de 2005.

Às vezes penso que não é possível
Quanta dor ainda sentirei?
A lembrança não se afasta
E eu não sei...

Não sei mais o que fazer.
Não tenho mais aonde ir.
Perdi a vontade de amar.

Espero que o tempo um dia me cure
Espero, espero...
mas esse dia não vem.
Sigo fingindo estar tudo bem.
Espero que um dia você me procure
Espero, espero
Mas esse dia não vem
E eu espero por isso também.

Mas de tanto esperar, até a esperança morre.
E quando ela morrer, aí sim!
Aí sim poderei renascer.
Aí sim deixarei de aguardar
Para sugar de novo o novo mel da vida
Ou então espero sugar de novo aquele mesmo mel...
que escorre dos teus lábios
Espero que sim! Espero que não! Me desespero!
E fico a jogar letras bobas, letras tristes, letras sós...
Só letras num papel.

domingo, 9 de novembro de 2008

Euforia


Diz um ditado chinês: "a prudência é o olho de todas as virtudes".

Sonhar não faz mal, muito pelo contrário. Já afirmei e reitero que o sonho nos move e nos impulsiona a realizar, existir. Mas é preciso estar alerta.

Com a eleição de Obama muita esperança aparece no horizonte. É verdade!!! É simbólico (e uma transformação muito real) ter um negro no comando da maior potência mundial.

Mas Obama não é Deus. Obama é só um homem.

Obama conta com grande apoio popular e assume em um momento de crise, propício à transformações conceituais e políticas. Mesma crise que pode minar as forças de seu governo.

Obama dá aos EUA cores mais democráticas, não só mais Democrata. Faz os EUA guinarem em nova direção, mais progressista. Mas não significa, necessariamente, que os EUA adotarão uma política menos belicista, menos agressiva ou hegemônica em relação ao resto do mundo.

No discurso de Obama ainda existem muitos traços do patriotismo exacerbado estadounidense. Patriotismo que contamina a mídia e que se traduz como uma euforia praticamente incontestada ao redor do mundo. Um patriotismo tão perigoso, que permitiu a Bush minar algumas liberdades fundamentais da democracia de seu país.

A euforia da mídia cega para algumas verdades. O planeta depende de Obama, mas Obama não vai salvar o planeta.

Pés no chão com questões tão delicadas e sensíveis não fazem mal. Sonhar entre nuvens que embaçam a realidade sim.

A eleição de Obama é certamente um avanço. Mas é só o princípio de uma jornada longa e que se faz passo a passo, por caminhos muito tortuosos, cheios de avanços e retrocessos.

Escolhas erradas conduzem não só a tragédia, mas à sabedoria. A escolha de Bush foi assim.

Uma grande expectativa frustrada (desilusão) também pode conduzir à sabedoria... ou à uma onda pungente de alienação. O Brasil passa por isso.

Obama tem uma grande oportunidade nas mãos. Se vai conseguir aproveitá-la, só o tempo dirá.

Mas Obama é, antes de tudo, um homem. Tão falível quanto qualquer outro.

Sem deixar o otimismo de lado, recomenda-se sempre prudência e atenção. E que nesse caso sonhar, seja sonhar com os pés no chão.