domingo, 25 de novembro de 2007

Hoje

Um pouco de cotidiano não faz mal.

Navegar sem ter para onde ir, na internet, acendeu em mim o fogo da curiosidade.

O mundo todo, literalmente, a poucos cliques. Criatividade e acesso, sem limites. Pessoas inundando a rede com conteúdos próprios, sem pedir qualquer coisa em troca.

Deve ser a tal ânsia de existir.
Deve ser aversão à solidão.
Deve ser o sintoma da multidão, que nos ignora!

"Olhe outra vez o rosto na multidão.
A multidão é um monstro sem rosto e coração.
Em São Paulo, terra de arranha-céu
A garoa rasga a carne, é a torre de Babel."
(Racionais Mcs - Nego Drama)


Racionais Mcs - Clipe Nego Drama - Ao vivo

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Montanha Russa

Montanha russa, sobe e desce, o humor oscila. Assim é a vida, dirão uns. Tire férias, dirão outros.
Uns e outros, outros e uns, descem e sobem na russa montanha. Se a vida é assim, e não é possível tirar as férias da mente, mentimos que estamos bem e seguimos em frente.
E tocam os sinos, oscilam e passam as horas.
Em meio a passa-tempos, nosso tempo vai-se embora.
Nas telas do computador, mil imagens a refletir o tempo acelerado. Reflete nos olhos, com muita dor; o tempo a dar com dedos cegos no teclado.
Vira e mexe, remexe e revira
e viramos o mundo de ponta-cabeça.
Mãos ao alto e cabeça pra baixo,
A alma num salto, o coração cabisbaixo.
Oscila, então, a minha vida, o que é normal.
Há fases e fezes, dizem uns. Outros cagam regras.
A vida oscila em direção a novas metas.
Há também, os que observam e se calam: fingem não ver...
São os piores cegos: quem nos diz é o ditado.
Só não diz nada o coração dilacerado.
Calado.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

... para quê? E um bom dia!

Para me sentir vivo.

Para fingir que a vida faz sentido.

Para lhe dar sentido

e para lhe sentir.


Para me espelhar, em algum canto.

Para eternizar um momento efêmero.

Para gritar, em algum canto.

Um grito sem voz, um choro sem pranto.


Só para me libertar.

Para ter certeza de que sou imprevisível.

Para prever,

Para sonhar o impossível.

Para mentir,

e achar que sou imprescindível.


Para virar, me revirar, me expor do avesso.

E refletir o meu brilhar que dói por dentro.

Para sentir a vida,

para lhe dar sentido.

Para dizer o avesso daquilo que eu digo mentindo.


Não para ser, nem sonhar ser,

o dono da verdade.

Nem para ser, espelho do sonho,

avesso da realidade.

Só para estar, em algum lugar, com algum ponto de vista.

Só para extravasar,

ora aqui, ora acolá,

o que meu coração conquista.

E que os olhos, que por aqui passam,

sintam-se, ao menos, um pouco mais sensíveis.

E que os peitos, que por aí pulsam,

Que por aí batem, apanham e infartam,

derretam só um pouco daquele conhecido gelo.

Que nosso olhar hipócrita e indiferente,

seja o oposto do nosso peito em chamas.

Que nosso coração incandescente,

Nos revele a contragosto o que a alma clama.


E que nada disso,

e tudo disso,

mude o curso do seu dia a dia.

Só para eu saber que existo.

Só para me dar sentido.

Só para me dar um norte.

Só pra me livrar da morte.


E que tudo e nada se misturem.

Revelando que, na verdade, lá no fundo,

esta é a exata dimensão da nossa miserável existência.

Que tudo e nada, se anulem.

Anulando nossa luta pra sobreviver,

Se eu estou só, não está certa, esta distância

Que se unam, pois, as línguas e bocas.

Que eu vire pó, que eu vire merda, excrescência.

Que adubemos nosso chão sob estas moscas.

E que tenhamos, todos, afinal, um belo dia.

sábado, 10 de novembro de 2007

Reescrevo

Escrevo sobre o atemporal,

Sobre o temporal que devasta meu peito,

Quando cada amor se desmancha

Quando cada paixão desencanta.


Canto sobre tudo isto,

Sobre nada.

Sobre o reinício,

Sobre a vida destroçada.


Falo sobre a poluição em nossas mentes

Sob a poeira, sobre nossas cabeças

Homens velhos e sujos

Falo sobre dióxido de carbono

Falo sobre noites sem sono.


Falo do encontro e do abandono.

Falo do cão de guarda, do bicho sem dono.

Falo em estéreo e em mono

Entro por um ouvido, saio pelo outro.

Fim de papo, Fim de conto.

Recomeço

Em todo lugar, informação.

A mim, então resta o revide a provocação,

a resposta para dar,

o fazer eco a um coração.

Ao meu.


Meu coração ecoa tudo isto,

Tudo que vocês me atiram na cara.

A verdade crua,

A espontaneidade nua,

A concentração de poder,

A arrogância ilimitada,

A delicadeza insegura

A firmeza ilusória,

Tudo aguardando resposta. Uma resposta à altura.


E de repente, esta fuzarca na minha frente.

Esse desfile de carnaval.

E toda minha insegurança me sobe à face.

Sinto a alma nua,

A espontaneidade dura.

O poder de concentração, dispersar.

A firmeza, limitada.

A arrogância, insegura.

Volto ao meu lugar.

Ao meu.

...

E meu coração deixa de ecoar.

Vive apenas pra bater sem apanhar.

E o monte de informação que me aflige, fica sem resposta.

Ou fica só com uma resposta torta. Como minhas idéias.


É abstrato, sim. E daí?

Não importa mesmo o que digo ou o que falo...

O que importa é o espaço em que calo.

Onde as idéias vibram em ebulição.

Onde o peito vive em erupção.

E meu calor me queima por dentro.


Eu revido e me viro ao avesso.

Me reviro, troco o nome e o endereço.

Estou vivo, e isso é só o começo.

E daí?