quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Notícia do dia - Confusão de conceitos

A notícia que vai baixo, no geral, é positiva, mas impressiona pela confusão de conceitos e soluções. Conforme o Estado (dá pra confiar?) aponta, a PF editou manual para disciplinar a ação dos policiais. Segundo o jornal, as medidas foram tomadas muito mais em função de uma exigência política do presidente, do que pelos problemas vistos no passado.

O diário deixa de lembrar, entretanto, a grita da imprensa (uma demanda da sociedade?) em casos como o da Daslu, no qual se acusou a PF de espetacularizar a operação.

Pior que esta omissão, são as palavras de um delegado (supostamente estudado em direito) entrevistado na matérias, ao falar do uso das algemas como "símbolo do Estado exercendo seu poder de prisao". Em que pese o avanço no respeito ao preso (muitas vezes um suspeito, e não um criminoso condenado), faltou explicar ao delegado e à PF que as algemas só devem ser usadas quando o preso oferece perigo aos policiais, aos cidadãos, ou resiste à prisão e tenta fugir. Um indivíduo desarmado que se entrega, deve ser punido pelos crimes que tiver cometido, mas não precisa ser algemado para tanto.

A ânsia por um País onde não haja tanta impunidade, entretanto, nos deixa tentados a aprovar o reprovável.

Algemas e espetacularização à parte, a PF tem dado um bom exemplo no combate à corrupção. Melhor seria se o Poder Judiciário julgasse os crimes que a PF investiga. Para tanto, a estrada é longa. Mas o que importa é caminharmos para isso.

A notícia, vai abaixo.

PF lança manual para disciplinar ação dos agentes

Apesar de aprovar uso de algemas, novo código veta exposição do preso e prevê substituição de camburões

Vannildo Mendes, BRASÍLIA

Sete meses depois de ser censurada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Polícia Federal editou um manual de operações para disciplinar as ações do órgão. Consideradas pirotécnicas - com prisões e arrombamentos de portas registrados em vídeo e repassados à imprensa -, as megaoperações aborreceram o Planalto. Em outra ocasião, Lula reclamou dos excessos da Operação Navalha, que desbaratou esquema de fraudes em licitações públicas e derrubou Silas Rondeau do Ministério de Minas e Energia.

O novo manual, apresentado ontem pelo diretor-geral da PF, delegado Luiz Fernando Corrêa, reforça o uso de algemas como “regra de segurança”, mas veta a exposição de presos, sob pena de punição disciplinar ao policial infrator. Em junho passado, Lula reclamou que, em razão de “problemas internos” e “brigas políticas”, estaria “pingando” informação da PF para jornais sobre o suposto envolvimento de seu irmão, Genival Inácio da Silva, o Vavá, num esquema de lobby.

O documento introduziu na estrutura operacional uma equipe de custódia, encarregada de facilitar o acesso dos advogados aos autos dos inquéritos e aos seus clientes. O velho camburão será substituído por um novo tipo de viatura para condução de presos, cujo protótipo já foi encomendado à indústria e está em fase de finalização. “A algema é o símbolo do Estado exercendo seu poder de prisão, mas o sucesso da PF não deve ser marcado pela imagem de alguém sendo jogado num camburão”, disse. O objetivo, conforme Corrêa, é observar o respeito aos direitos humanos e a dignidade do preso, sem prejuízo ao combate ao crime, à segurança das operações e ao direito de a imprensa informar.

Elaborado na gestão do ex-diretor Paulo Lacerda, o manual de operações entra em vigor após sofrer algumas correções pela nova cúpula da PF. Seu objetivo é padronizar as atividades de gestão e planejamento da principal polícia brasileira no combate à corrupção e ao crime organizado. Entre outras medidas, o manual estimula o oferecimento da delação premiada desde a primeira fase da investigação, não mais apenas na fase conclusiva.

O documento prescreve até os tipos de roupas adequadas, conforme a situação: ostensivo, a ser usado nas operações de praxe, que exigem pronta identificação policial; e o social, previsto para ocasiões que exigem discrição ou em diligências em repartições públicas. Todo policial terá uma pistola de 9 milímetros como arma obrigatória, independentemente das armas especiais conforme o risco da operação e das de uso pessoal.

O manual divide os procedimentos dos policiais em três fases. A primeira, o início da investigação, ampara-se no trabalho de inteligência e no monitoramento intenso dos suspeitos, inclusive com escuta ambiental e telefônica. “Mas só com autorização judicial e como recurso complementar na obtenção de provas, como manda a lei”, explica Corrêa. A fase seguinte é a ostensiva, em que ocorrem as prisões e mandados de busca e apreensão nos endereços dos investigados. A ordem é evitar a exibição de presos algemados para as câmeras.

A última fase é a conclusão do inquérito, com novidades para facilitar o manuseio pela Justiça, procuradores e advogados, como índice para localização de todas as peças e mídia com links para as provas.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

"Pra ver, os olhos vão de bicicleta...

... até enxergar".

Recomendo a leitura da coluna do Nando Reis de hoje, na seção esportiva "Boleiros" do Estado. Com palavras sutis, ele descreve bem a diferença entre ir ao estádio e assistir uma partida pela TV. Para aquele que não deixa o sofá compreender o que está perdendo.

Um pequeno trecho vai abaixo.


"Assistir a uma partida de futebol no estádio é completamente diferente de ver o jogo pela TV. Ali se enxerga o que de fato compõe a complexidade das variações e as múltiplas alternativas que fazem desse esporte uma paixão incendiária.

Não há 30 câmeras que reprisem uma jogada por 30 ângulos diferentes que consigam entender a importância para o jogo daquilo que “não acontece’’. O jogo é também atleta que sobe pela ponta e volta pelo meio; a aproximação sorrateira do zagueiro quando é batida uma falta na lateral, ou mesmo um escanteio; a contusão do homem que se contorce em campo e faz com que seu oponente role a bola para a lateral. A torcida que espanta a chuva cantando sem parar. O sorveteiro que importuna passando 700 vezes na sua frente. Tudo isso está além do que a nitidez e a pureza de uma imagem digital pode nos oferecer.

Sempre me admiro com a capacidade que os técnicos têm de “ler’’ o jogo daquele ângulo ingrato - do banco de reservas, no nível do campo. Nunca assisti a uma partida oficial do campo. De certa maneira, me fascina essa capacidade interpretativa criada pelo exercício contínuo de quem tem essa atividade não como passatempo, mas ofício.Nunca acreditei naquele ditado que diz “o que os olhos não vêem, o coração não sente’’. O verdadeiro futebol não é visto por quem não vê o que não é jogado."

----------
Pra ver, os olhos vão de bicicleta até enxergar,
Pra ouvir, as orelhas dão os talheres de escutar.
Pra dizer, os lábios são duas almofadas de falar.
Pra sentir, as narinas não viram chaminés sem respirar.
Pra ir, as pernas estão no automóvel, sem andar.
(Nando Reis - "O caroço da Cabeça)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Dúvida Cruel

Dúvida, dúvida; e confusão.

O ato de decidir, é cruel.

Indecisão.

?

Escolher um, é dizer não à todo o resto.

É dizer não a tudo que é, ao mesmo tempo, melhor e pior.

?

Escolher um, é amarrar-se nas engrenagens do destino,

e jogar o futuro nas mãos do acaso.

A escolha implica, necessariamente, a imediata perda do poder de decidir.

Ficar na dúvida até o último momento, entretanto, não lho restitui.

Porque a vida é dinâmica,

e move-se sem nos pedir autorização.

Porque omitir, é decidir-se por ficar como está.

Ou por ficar como as coisas queiram estar,

como os outros queiram que esteja.

?
O ato de decidir, é cruel.

E a dúvida é necessária.

Duvidar, é sempre bom.

Mas o permanente estado de dúvida é paradoxal.

É o ponto ótimo de uma alma questionadora.

É o ponto péssimo de um sonhador, que não aplica, não faz, não constrói.

E o peito dói.

?
Mais uma vez, o ponderado aparece como ideal.

E só duvidando muito, é possível encontrá-lo.

?

Mas há muitas vezes,

em que os extremos nos elevam aos céus.

E são o que há de mais doce no mundo.

E há muitas vezes,

em que os extremos nos enterram no chão,

e são o que de mais vivo há nesse mundo.

?

Por isso omitir-se pode ser não só covardia.

Pode ser um estado de profunda reflexão,

Em que o pensar é mais forte que o agir,

e justamente por isso pode ser o melhor,

ou o pior.

Por isso agir, é um estado de atuação decidida.

Seja por impulso, seja por reflexão,

e justamente por isso pode ser o pior,

ou o melhor.

?

O que importa, nisso tudo, é a dúvida.

Dúvida de quem quer abraçar o mundo,

e vê o mundo decidindo seu rumo.

Dúvida de quem se vê imóvel.

Movendo-se pelo curso incessante das águas,

e lamentando o destino que tomam.

Movendo-se pela inércia dos fatos,

perplexo pela força dos acontecimentos.

?

Dúvida de quem precisa remar contra a corrente,

mas quer desaguar na imensidão deste mar.

?

Dúvida de uma vida que segue, muitas vezes cega.

Indecisão de um peito que pulsa, e muitas vezes nega.

Fingindo ser indiferente,

a tudo aquilo que sente.

Indeciso,

tanto pelo riso,

por tanto pranto

quanto pelo pranto,

de tanto riso.

?

Só para não antecipar qualquer movimento,

esperando um próximo passo,

Ocultando qualquer sentimento,

à espera de um abraço.



-----

Da série Tales of Mere Existence, no YouTube.

Procrastination


sábado, 12 de janeiro de 2008

Crônicas de um Palestrino 2 - Palmeiras 4 x 2 Flamengo

No post anterior, ficou uma sensação de insatisfação: como mencionar Palmeiras 4 x 2 Flamengo sem dar um algo mais que possa servir como um vislumbre do que foi estar no estádio naquele dia 21 de maio de 1999.

Era quartas de final da Copa do Brasil (e não semi, como diz o vídeo abaixo). Na ocasião, pela força do time do Palmeiras, eu achava que o time iria conquistar os três grandes torneios do semestre. A Copa do Brasil, a Libertadores (que ao final conquistamos) e o Paulistão. No Paulistão, fomos vice, perdendo pro Corinthians após fazer o primeiro jogo da final com um time misto. No segundo jogo, pancadaria geral após Edílson (do Corinthians) fazer embaixadinhas e colocar a bola atrás da nuca. Para toda a minha vida, levei daquela noite uma importante lição: respeitar o adversário é essencial, em especial quando a disputa está à flor da pele.

O cenário de Palmeiras e Flamengo era diferente de qualquer coisa que eu já vira no Palestra
Itália. Nunca, em um jogo em casa, havia tanta torcida adversária presente. Durante a partida, veio a explicação: uma massa de corinthianos, impulsionada pela rivalidade ainda mais latente na época, invadira o Palestra cantando "Timão, eô". Mais que isso, no jogo seguinte no Palestra, ainda me lembro de ver pichado o nome da organizada Gaviões nas escadas que dão acesso à arquibancada.

O Flamengo saiu na frente no primeiro tempo. O Palmeiras só foi empatar aos 26 da segunda etapa, com um gol de Oséas. Aos 32, o Flamengo desempatou num belo gol de falta. O Palmeiras, que então precisava tirar 3 gols de diferença para ir a final, empatou num belo chute de Júnior aos 35, e foi virar aos 44 e 46 com dois gols de Euller.

Mas o que importa, foi o que se sucedeu naqueles 10 minutos de taquicardia. Aos 32, alguns torcedores começaram a deixar o estádio. Em tom de brincadeira, lembro de gritar, como tradicionalmente se faz, "sai fora pé-frio!", "a gente vai marcar três ainda". Era pura brincadeira, de quem assim como os outros presentes, já estava se conformando com a dura eliminação.

A torcida corinthiana e flamenguista presente no estádio gritava, calando o Palestra: "E-LI-MINADO". A minha revolta (eu tinha 17 anos), era enlouquecedora. Aos 35, uma luz, mas nada que desse um verdadeiro ânimo para acreditarmos na classificação, ainda mais quando o tempo ia lentamente se passando, sem que o Palmeiras pudesse diminuir o placar. Aos 40, uma multidão começou a se retirar e, desacreditado, renovei meus gritos de "fora pé-frio", dirigindo um riso misto de piada e decepção ao meu primo que me acompanhava naquela noite.

Dos 44 ao fim do jogo, menos de 5 minutos que valem a vida de um torcedor. Uma emoção em massa inexplicável, mas que em vão tentarei rabiscar. Dois gols de cabeça do Euller após dois escanteios, batidos do mesmo lado. Os gols, após dois "bate-rebates". Um misto de sorte, estrela e, mesmo não acreditando em divindades, muita reza. Após o primeiro gol do filho-do-vento Euller, aos 44, a torcida explodiu e voltou a acreditar no time.

Àquela altura, alguns torcedores que já se encontravam no túnel que leva para fora do Palestra, começaram a retornar às arquibancadas. O canto da torcida da casa sufocou o dos visitantes. Aos 46 veio o segundo gol e a euforia generalizada: lembro-me que cada jogador correu em direções diferentes após o gol; os gandulas invadiram o campo para comemorar; o goleiro do flamengo chutou a bola para o alto no ápice da sua raiva; e a torcida, não pode entoar um só grito em conjunto... o estádio estava eufórico e não tinha condições de cantar em uma só voz, tamanha era a emoção!

Poucos se lembram, mas o Fla quase estragou a festa aos 48, com um cruzamento da esquerda e um carrinho do lateral-direito Pimentel (ex-Palmeiras), que jogou a bola contra a trave esquerda do goleiro Marcos. A torcida do Palmeiras emudeceu, mas foi por menos de um segundo e, naquele momento, sequer poderia realizar o que seria se aquela bola tivesse entrado.

A capa do jornal LANCE! do dia seguinte trazia o título: ÊXTASE VERDE. Na TV, durante mais de uma semana, a imagem mais comentada foi a de um menino chamado Ênio, chorando desamparado no colo do pai. Seria aquela a sua primeira partida? De que forma será que aquela noite marcou aquele garoto?

A euforia foi total. E minha noite se acabou com a bandeira do Palmeiras tremulando dependurada no porta-malas do carro, enquanto eu, meu primo e alguns de seus amigos voltávamos buzinando freneticamente em meio a muitos outros pela Avenida Sumaré, berrando e cantando de forma alucinada e ouvindo as notícias e entrevistas pelo rádio.

Fico imaginando o que deve ter pensado uma pessoa que não goste de futebol, naquela avenida. Algum transeunte que sequer soubesse da realização de uma partida naquele dia. Deve ter ouvido assustado o estádio explodir com o terceiro e quarto gols. Deve se ter perguntando se o Palmeiras havia sido campeão, se o jogo era uma final, ficando surpreso ao saber que não se tratava de nada disso. Esta pessoa jamais comprenderá, provavelmente, que ainda que fosse um amistoso, teria sido demais. E aí está uma beleza do futebol e do esporte em geral: sua capacidade de criar emoção e beleza a partir do nada, e ao mesmo tempo, com fundamento em muita história.

Um pouco dessa emoção e dessa história pode ser vista no vídeo abaixo. Mas há muito mais em torno dessa partida e da sensação dos torcedores que estavam naquele estádio, como os confrontos com o Corinthians na Libertadores daquele ano. Mais do que ganhar o jogo e classificar-se, calar a torcida Corinthiana engendrada na massa rubro-negra teve um prazer especial. Afinal, o Palestra Itália já era (e sempre será), o nosso estádio, a nossa casa. Como poderíamos deixar impune um visitante tão mal-educado?

Naquela noite, ainda, destaco algo que me serviu de lição (também) para o resto da vida: observar a raça do jogador Paulo Nunes, que nos três gols do Palmeiras no segundo tempo foi recolher a bola no fundo das redes, mesmo quando tudo já parecia perdido.

Prova de que, mais do que um simples entretenimento, o futebol (e o esporte) pode educar e ser uma escola na vida. Aquele atleta, naquele dia, me marcou e me ensinou a acreditar que não há vitória perdida enquanto a história não tiver chegado ao fim, que não há derrota certa e que é importante acreditar no impossível.

Já dizia Fernado Pessoa, afinal: "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena."

A minha, certamente, não é!
------------


A propósito: recentemente o Euller deu uma declaração sobre esse jogo: "Nunca vivi algo parecido com aquilo. Lembro que o estádio estava lotado e, mesmo quando perdíamos por 2 a 1, sentíamos uma vibração muito forte. A torcida incentivando e o grupo acreditando. Foram dois gols mágicos, que jamais sairão da minha memória." Veja no Globoesporte

------------
Mais de um ano depois do post mais um video do Sportv que vale a pena ver, com uma longa entrevista com o Euller. O Sportv podia ter caprichado mais, mas tá legal. O importante é que ficou o registro.

Vai abaixo, em duas partes

Parte 1:


Parte 2:


Destaque para o Rodrigo Mendes falando que foi o jogo mais emocionante da carreira dele. E para a torcida cantando Galvão, viado. hahaha. Muito bom!

Tem algum conteúdo pra indicar a respeito? Deixe um comentário!!!

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Crônicas de um Palestrino - A Pré-Temporada

Janeiro...
Mês da ansiedade, expectativa, indefinição.

Pré-temporada é assim: a diretoria trabalhando em segredo e o torcedor, eu, com o coração na mão, batendo torto, arrítmico.

Primeiro dia de trabalho, pós-reveillon, e eu já não podia suportar. Sentar naquela mesa de novo, olhar para aquele mesmo computador, aqueles mesmos colegas, os mesmos problemas, as eternas pendências. Tudo angustiante. No pós-reveillon, com tantos planos de mudança, tudo tão eternamente velho, empoeirado.

Alguns dizem que a vida é assim. Pode até ser, mas eu não aceito. Se for, não é um porre. É a ressaca de um porre.

Eu cheguei, eu me sentei. Até pensei que um café, uma água e um banheiro fossem melhorar a situação. Talvez checar meus e-mails... hmmm, isso sim, mais interessante. Mil formas de procrastinar, evitar o início do ano velho.

O café acabou, os e-mails das férias também. Fiz até uma limpeza na caixa postal... e minha cabeça continuava lá, longínqua.

Depois de tantos anos, de tantas decepções, de severas humilhações, será que eu poderia, de novo, sonhar? Será valeria a pena acreditar? Acreditei, e pus minha crença toda neste espírito de renovação. Time base bom, técnico novo e de ponta, lateral novo e promissor, atacante novo e com fama de matador. Gênios mantidos. Operários mantidos. Lá vamos nós, em busca do que nos falta, nos assola, nos atormenta: uma taça, por mais simples que seja.

Aos 25 anos, sou de uma geração de palmeirenses que não se acostumou a perder. Aos 11, vi meu time sair da fila e sequer compreendia o que estava acontecendo. Com o título paulista, comecei a pegar gosto pelo futebol.

Seguiu-se uma geração de ouro, de conquistas, de viradas históricas, dentre as quais destacou-se a semifinal da Copa do Brasil: Palmeiras 4 x 2 Flamengo.

E a essa geração, seguiu-se a geração derrotada que perdura, desde o ano 2000 até hoje, que incluiu uma queda para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro.

Hoje, com novas perspectivas, com nova diretoria, com novo patrocinador, a esperança se renovou. E sentado na mesa do trabalho, praticamente não consigo fazer outra coisa que não seja acompanhar as contratações e o desenho do time.

Em pauta, a rivalidade Grêmio x Palmeiras de tantas brigas, dessa vez na luta por um jovem jogador: Diego Souza.

Na mesa do trabalho, enjaulado em frente ao computador, pouco posso fazer, além de navegar pelos sites que me trazem notícias do meu time do coração. Para burlar o monitoramento do trabalho, uso a assinatura RSS, e só entro nos sites quando sei que há novas notícias: umas 20 vezes por dia, no mínimo, em três sites diferentes, fora os estrangeiros, quando as negociações envolvem times de outros países.

E assim vai se montando a equipe. E assim minha obsessão vai sendo alimentada. E se a notícia não sai, eu sofro.

Que será quando a temporada começar, impossível saber: por enquanto, só me resta expectativa...

-------

Em tempos de aquecimento global 2

Será que Malthus estava certo?
Acho que sim.
Em sua teoria, propunha o controle da taxa de natalidade ao afirmar que o crescimento da população acarretaria na falta de insumos básicos para o ser humano. A falha apontada em sua teoria é a desconsideração da inovação tecnológica, que aumenta a produtividade da terra.

Realemente, Malthus não considerou esta solução. E tampouco considerou os problemas que adviriam desta solução, o que vai muito bem retratado no artigo abaixo, extraído do site de notícias Envolverde. Em que pesem algumas baboseiras sobre a mídia (no meu humilde modo de ver), as considerações sobre o crescimento da população merecem atenção.

------

11/01/2008 - 11h01
Vou parar de ler jornais

Por Richard Jakubaszko*

Chega! Bastam-me meus próprios pânicos, medos, ansiedades e angústias. Não vou mais procurar sarna para me coçar. Essa sarna que sai diariamente nos jornais é dos outros, não é minha, afora o fato de que são notícias mal escritas, fatos mal contados, estórias deturpadas do cotidiano e repetidas ad nauseum por quase toda a mídia como verdades eternizadas. A realidade, assim me parece, é que quase tudo o que sai em jornal (e nas revistas e TVs) hoje em dia é ideologizado. Extrapolou o paradigma do "se há governo, sou contra". É óbvio que existem altíssimos interesses em jogo. Seus autores, entretanto, parecem não se dar conta das bobagens que dizem. Como a preferência é pela "má notícia" todos primam pela procura insana de ver o lado mais negativo daquilo que noticiam. Afinal, é isso que vende jornal e que dá audiência.

E tome-se notícia ruim! Na economia (os juros vão subir, existe o perigo da inflação aí na frente; como se houvesse demanda reprimida, ou como se a taxa Selic tivesse alguma coisa a ver – no Brasil, é claro – com os juros reais de mercado) ou na questão ambiental (temos de economizar água, vai faltar; como se a água pudesse sumir do planeta). Tem gente que não entende de quase nada, ou entende menos da metade, e dá entrevista para TV e jornal afirmando um monte de asneiras. Em alguns casos é para defender interesses escusos, noutros para simplesmente para aparecer na mídia. E a mídia dá espaço apenas a quem interessa a seus propósitos. Leio o jornal e tenho pesadelos.


Com diploma, mas escrevem mal

Essa preferência humana pela "notícia ruim" é antiguíssima, vem de tempos imemoriais, talvez do milenar Oriente. Chegou às plagas americanas, acompanhada da modernidade pela mídia, sempre entre o épico e o drama. O livro dos livros já registrava em detalhes a maior e derradeira tragédia, o Apocalipse. Pelo noticiário da mídia, o Armagedon já começou lentamente a mostrar que vai efetivamente acontecer dentro em breve. Se havia ainda alguma dúvida sobre o vaticínio da Bíblia é só a gente ler os jornais ou assistir TV e, em especial, freqüentar os sites dedicados às questões ambientais, para nos convencermos de que essa é uma possibilidade real. Até os press releases ultimamente andam contaminados por essa idiossincrasia humana na preferência pela notícia ruim.

O único sinal otimista que se verifica é a procura por uma idealização chamada de "sustentabilidade". Não vejo como é que a ciência vai "descobrir" a sustentabilidade, pois o problema maior não está na sujeira ou poluição causada pelos humanos, mas no excesso de consumo que tem como causa a explosão demográfica. Será que Malthus tinha razão quando fez suas previsões?

O que verifico é que os jornalistas de hoje em dia, tão diferentes dos jornalistas de antigamente, também fazem suas previsões negativas, chegam a empatar com os vaticínios bíblicos. A diferença é que jornalista, antigamente, e estou falando de 30 anos atrás, era profissional ligado ao povo, preocupado com os anseios do povo. Hoje em dia, os jovens jornalistas consideram-se parte integrante das elites, pois possuem diploma e pensam conforme as elites. Mas escrevem muito mal e essa é outra questão que vai se deteriorando a fundo perdido.


Avant première do apocalipse

Quando eu era moleque, o grande medo era a bomba H, a ameaça é de que iríamos derreter devido ao calor provocado pelos mísseis nucleares lançados por norte-americanos e soviéticos na busca pela hegemonia planetária. O mundo parou, no início dos anos 1960, para acompanhar a briga dos mísseis em Cuba. Passado o perigo iminente da III Guerra Mundial, veio a Guerra Fria. Ficou em cartaz por mais de duas décadas – uma espada de Dâmocles sobre nossas cabeças, permanentemente.

Nem bem a guerra das estrelas foi saindo de cena, chegou a Aids para bagunçar a vidas das gerações futuras. Nostradamus era relembrado freqüentemente. Na seqüência ao pesadelo da Aids, que continua vivo – entremeado por guerras de verdade e guerras ao tráfico de entorpecentes, mais as guerrilhas urbanas, com bala perdida para todos os lados –, fomos brindados por manchetes que anunciavam a vaca louca e a gripe aviária.

Não esqueçamos ainda dos transgênicos, que trariam mutações humanas jamais vistas e provocariam desequilíbrios ambientais inimagináveis. E quem se lembra da chuva ácida? Ou de Chernobyl? Ah! E do bug do milênio? Foi uma farra!

No momento, somos atormentados pelo aquecimento global, líquido e certo de que vai acontecer. Temos de reduzir as emissões de CO2! Vai faltar água e combustível também, o petróleo vai acabar, os mares vão subir e qualquer furacão ou terremoto se transforma em avant premiére apocalíptica. Leite adulterado é fichinha, assunto para uma semana, apenas.


O planeta vai se esgotando

Os sinais do fim dos tempos estão nas causas das notícias, e não na notícia em si. Explico melhor: neste fim de ano, assistimos na mídia brasileira a um farto e repetitivo noticiário sobre os recordes de consumo do povão que foi às compras. Vimos todos os templos de compras com gente saindo pelo ladrão. Depois os congestionamentos em estradas e aeroportos, na ida e na volta. Nas praias o povão consumindo dava seu show, com filas de até duas horas para comprar pãozinho em padaria, ou mais tempo ainda na fila dos supermercados, tudo com ausência de vagas para estacionar, trânsito caótico e a inefável falta de água em cidades despreparadas para receber tamanho fluxo de gente de uma só vez. Ilhabela agora vai até cobrar pedágio e proibir a entrada de gente.

Em resumo, não existem políticas públicas capazes de abastecer o povão quando este tem poder e capacidade de consumo. No caso brasileiro é só uma amostra grátis, imaginem o que anda acontecendo na China, que está fazendo inclusão social de trezentos milhões de chineses, trazidos do campo para as cidades para trabalhar nas indústrias de exportação. Essa multidão de gente quer comida! O resultado está nos preços das commodities: recordes de preços em tempos de paz. Em mais de 40 anos que acompanho o agronegócio, jamais vi recordes de safras com recordes de preços.

Lamentavelmente, o planeta precisa urgentemente de um rígido controle demográfico. Senão vamos para o vinagre mais rapidamente. Estamos com 6,3 bilhões de pessoas e chegaremos aos 9,5 ou 10,0 bilhões dentro de 30 ou 35 anos. Sociólogos e geógrafos dizem que haverá declínio apenas a partir de 2050. Não sei se a bola de cristal deles é tela em LCD. Sei que até lá vai piorar, e muito.

Na Europa o controle demográfico se faz pelo alto custo de vida e pela busca de independência pessoal, sem obrigações para com os filhos. A China anda fazendo isso, mas a inclusão social, por seu lado, neutraliza esse esforço. Pior é na Índia, Bangladesh, Indonésia e Brasil, onde não existe controle demográfico e nem incentivo para tanto; pelo contrário, incentiva-se o aumento das proles. Em paralelo a inclusão social aumenta exponencialmente os consumidores. E o planeta vai se esgotando...


Proposição otimista

A mídia, entretanto, não noticia as causas e nem debate essas questões. O que só nos faz acreditar que a Bíblia está correta. Está lá, escrito: "No final dos tempos, não nascerão mais inocentes." Não haveria manchete mais realista. Como desgraça pouca é bobagem, qual a razão então para ler jornais?

Aos que não me conhecem informo que alguns amigos me comparam ao otimista da piada, mas reconheço que tenho algumas recaídas. Afinal, pesadelos são pesadelos. Como poderia ser diferente diante do que se lê? Propositalmente, neste artigo, defenestrei o otimismo.

Entretanto, penso que o jornalismo deve debater, repensar e reavaliar a sua função social, o que não deixa de ser uma proposição otimista.


* Jornalista, publicitário e escritor, é editor e publisher da revista DBO Agrotecnologia, e autor dos livros “Marketing da Terra” e ainda “Marketing Rural: como se comunicar com o homem que fala com Deus”, ambos pela Editora UFV, da Universidade Federal de Viçosa – MG.

(Envolverde/Assessoria)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Modo Folia

Modo Folia: Curta de Pedro Ciampolini que revela o verdadeiro espírito do folião!