segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Dúvida Cruel

Dúvida, dúvida; e confusão.

O ato de decidir, é cruel.

Indecisão.

?

Escolher um, é dizer não à todo o resto.

É dizer não a tudo que é, ao mesmo tempo, melhor e pior.

?

Escolher um, é amarrar-se nas engrenagens do destino,

e jogar o futuro nas mãos do acaso.

A escolha implica, necessariamente, a imediata perda do poder de decidir.

Ficar na dúvida até o último momento, entretanto, não lho restitui.

Porque a vida é dinâmica,

e move-se sem nos pedir autorização.

Porque omitir, é decidir-se por ficar como está.

Ou por ficar como as coisas queiram estar,

como os outros queiram que esteja.

?
O ato de decidir, é cruel.

E a dúvida é necessária.

Duvidar, é sempre bom.

Mas o permanente estado de dúvida é paradoxal.

É o ponto ótimo de uma alma questionadora.

É o ponto péssimo de um sonhador, que não aplica, não faz, não constrói.

E o peito dói.

?
Mais uma vez, o ponderado aparece como ideal.

E só duvidando muito, é possível encontrá-lo.

?

Mas há muitas vezes,

em que os extremos nos elevam aos céus.

E são o que há de mais doce no mundo.

E há muitas vezes,

em que os extremos nos enterram no chão,

e são o que de mais vivo há nesse mundo.

?

Por isso omitir-se pode ser não só covardia.

Pode ser um estado de profunda reflexão,

Em que o pensar é mais forte que o agir,

e justamente por isso pode ser o melhor,

ou o pior.

Por isso agir, é um estado de atuação decidida.

Seja por impulso, seja por reflexão,

e justamente por isso pode ser o pior,

ou o melhor.

?

O que importa, nisso tudo, é a dúvida.

Dúvida de quem quer abraçar o mundo,

e vê o mundo decidindo seu rumo.

Dúvida de quem se vê imóvel.

Movendo-se pelo curso incessante das águas,

e lamentando o destino que tomam.

Movendo-se pela inércia dos fatos,

perplexo pela força dos acontecimentos.

?

Dúvida de quem precisa remar contra a corrente,

mas quer desaguar na imensidão deste mar.

?

Dúvida de uma vida que segue, muitas vezes cega.

Indecisão de um peito que pulsa, e muitas vezes nega.

Fingindo ser indiferente,

a tudo aquilo que sente.

Indeciso,

tanto pelo riso,

por tanto pranto

quanto pelo pranto,

de tanto riso.

?

Só para não antecipar qualquer movimento,

esperando um próximo passo,

Ocultando qualquer sentimento,

à espera de um abraço.



-----

Da série Tales of Mere Existence, no YouTube.

Procrastination


Nenhum comentário:

Postar um comentário

A expressão é livre!!!