Dúvida, dúvida; e confusão.
O ato de decidir, é cruel.
Indecisão.
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Escolher um, é dizer não à todo o resto.
É dizer não a tudo que é, ao mesmo tempo, melhor e pior.
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Escolher um, é amarrar-se nas engrenagens do destino,
e jogar o futuro nas mãos do acaso.
A escolha implica, necessariamente, a imediata perda do poder de decidir.
Ficar na dúvida até o último momento, entretanto, não lho restitui.
Porque a vida é dinâmica,
e move-se sem nos pedir autorização.
Porque omitir, é decidir-se por ficar como está.
Ou por ficar como as coisas queiram estar,
como os outros queiram que esteja.
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O ato de decidir, é cruel.
E a dúvida é necessária.
Duvidar, é sempre bom.
Mas o permanente estado de dúvida é paradoxal.
É o ponto ótimo de uma alma questionadora.
É o ponto péssimo de um sonhador, que não aplica, não faz, não constrói.
E o peito dói.
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Mais uma vez, o ponderado aparece como ideal.
E só duvidando muito, é possível encontrá-lo.
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Mas há muitas vezes,
em que os extremos nos elevam aos céus.
E são o que há de mais doce no mundo.
E há muitas vezes,
em que os extremos nos enterram no chão,
e são o que de mais vivo há nesse mundo.
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Por isso omitir-se pode ser não só covardia.
Pode ser um estado de profunda reflexão,
Em que o pensar é mais forte que o agir,
e justamente por isso pode ser o melhor,
ou o pior.
Por isso agir, é um estado de atuação decidida.
Seja por impulso, seja por reflexão,
e justamente por isso pode ser o pior,
ou o melhor.
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O que importa, nisso tudo, é a dúvida.
Dúvida de quem quer abraçar o mundo,
e vê o mundo decidindo seu rumo.
Dúvida de quem se vê imóvel.
Movendo-se pelo curso incessante das águas,
e lamentando o destino que tomam.
Movendo-se pela inércia dos fatos,
perplexo pela força dos acontecimentos.
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Dúvida de quem precisa remar contra a corrente,
mas quer desaguar na imensidão deste mar.
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Dúvida de uma vida que segue, muitas vezes cega.
Indecisão de um peito que pulsa, e muitas vezes nega.
Fingindo ser indiferente,
a tudo aquilo que sente.
Indeciso,
tanto pelo riso,
por tanto pranto
quanto pelo pranto,
de tanto riso.
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Só para não antecipar qualquer movimento,
esperando um próximo passo,
Ocultando qualquer sentimento,
à espera de um abraço.
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Da série Tales of Mere Existence, no YouTube.
Procrastination
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