segunda-feira, 12 de maio de 2008

Inclassificável

Chame-me do que quiser, porque não tenho nome. Defina-me, se puder, mas já adianto: não poderás.

Sou mutante, mutável, mas sou capaz de permanecer o mesmo quando me convém. Mudo de bairro, de rua, de cidade. Mudo meu corte de cabelo, meu jeito de vestir. Mudo meu jeito de ser. Sou mudo mas não fico calado, morto, enterrado. Mudo porque sou vivo. Canto porque me faz vivo.

Sou da classe inclassificável, ainda que todos me julguem, rotulem. Sou louco, sou sóbrio, liberal-comunista. Sou como meu mundo, nosso mundo. Um mundo que gira, que roda, mas que uns poucos querem fazer girar para trás. Mudo meu mundo. O mundo me muda. Sou tudo o que quero e não quero ser.

E quando penso, já sou. E quando calo, mudo escutando o que me quer diferente.

Sou novo, sou velho, inovador. Criativo, antigo, embromador. Sou apenas um bêbado, embriagado de horror. Sou apenas um monstro, entorpecido de dor.

Sou tudo, nada, sou como você é, como você quer e não quer ser. Estou em todo o lugar, mesmo sem me levantar. Sou feio, sou lindo, sou torto, estranho e comum.

Sou claro, sou negro, desbotado e colorido. Estou contigo onde você estiver. Sou e estou em todo lugar, mesmo estando em lugar nenhum.

Sou muitos, sou todos. Sou um.

Sou como você quer e não quer. Foda-se: chame-me do que quiser.

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