quarta-feira, 9 de abril de 2008

Entrelinhas

Eu preciso viver de poesia, alegria.

Eu preciso.

Porque senão, a vida empaca,

estanca.

Porque senão, a vida é torta,

é manca.


Dia sim, dia não,

renovo meus motivos pra chorar,

pra sorrir.


Dia sim, dia não,

renovo meu desejo de sonhar,

sentir.


Dia não, dia sim,

Morre e nasce o que morreu em mim.


Dia não, dia sim,

Recomeça o que chegou ao fim.


É claro, é óbvio.

A vida é cíclica.

Saber entender isto,

mais do que uma simples premissa racional,

um simples ditado,

é que demanda muita sabedoria,

muita alegria seguida de dor,

muita aflição remoída.

Ansiedade, felicidade,

frustração reprimida.

Desilusão, paixão,

Ruas sem fim e sem saída.

Vagar sem rumo, sem norte,

perder o prumo, a pose e a classe.

Ganhar no azar, perder na sorte.

Rogar aos céus que o tempo pare, passe.

Chorar e rir, ser fraco e forte.


O dia termina, o dia recomeça,

os dias passam sem pedir licença.

A barba cresce, aumenta a pressa,

em sentir que a vida vale a pena.


De nada adianta, porém, a minha angústia.

De nada adianta rezar e implorar.

A vida vai continuar a seguir

e o melhor que posso fazer, é sorrir.

É chorar.

Sabendo que não importa, no fundo, o sentimento.

O que importa é que ele seja intenso.

Oscilar entre dois extremos,

abandonando meias palavras,

panos quentes.

Abandonando minhas máscaras,

libertando-me das correntes.


O que me importa,

é derramar lágrimas de verdade,

Não sorrir de pura hipocrisia.


O que me importa,

é um abraço de saudade

e não o peso da melancolia.


O que eu quero, enfim

é ser autêntico.

Respeitar o meu momento,

minha alegria, sofrimento.


Respeitar o sentimento

que morre e brota em mim.

Viver a vida, é mais fácil assim.


Esquecendo que ela um dia termina.

Esquecendo do status, grana e fama.

Olvidando a pressão por sucesso.


Viver a vida, é libertar-se disso tudo

e da pressão de tornarmo-nos o que não queremos ser.

E nestes momentos, de fugaz liberdade

Eu posso afirmar.

Que sou feliz.

Que me sinto vivo.

Que desejo todas possibilidades,

novo, velho, criativo,

Velho, novo, aprendiz.

Sem medo da novidade.


Assim, porque a vida é assim.

Novidade, imprecisão, anti-rotina.

E não sou dono do meu nariz,

(ainda que assim deseje).

Eu não sou dono do meu destino,

nem posso ser tão arrogante,

querer controlar todas as variáveis.

Não sou senhor do passado, do futuro.

Decido apenas pelo meu presente,

o maior presente deste mundo.


Otimismo exagerado???

Fatalismo???

Só se em algum ponto destas linhas

Não entendeste do que falo.

Se em algum lugar, nas entrelinhas

Não captaste o que não digo.


Triste seria,

querer resumir tudo em palavras.

O silêncio ainda é mais importante.

E neste momento,

lhe darei lugar...

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