O acontecimento mais relevante no mundo do futebol neste fim de semana, ao menos pare este que vos escreve, não foi o título do flamengo, a vitória do ascendente Corinthians com gol e brilho de Ronaldo ou a esplêndida partida do pequenino Madson.
O fato realmente relevante do final de semana foi a consumação de um processo que desde meados de 2008 já estava em curso. A partida entre Palmeiras e Santos, no Palestra Itália, acrescentou com tintas duramente removíveis o adjetivo ídolo ao nome de Diego Souza.
Nem só de glórias se faz um ídolo. O exemplo de sábado é a mais perfeita ilustração dessa máxima. Diego Souza forjou-se ídolo na base da disposição, da raça, da vontade de vencer e do orgulho de vestir um manto que não cai bem em qualquer um.
Nem só de glórias se faz um ídolo. É extremamente fácil recorrer ao lugar-comum e crucificar Diego por seu comportamento violento. Jornalistas pobres de espírito como Fernando Calazans, do fraco Globo, que o façam. Que os frios (ou nem tão frios) amadores-profissionais do futebol o analisem sob essa distorcida ótica. Deixemos o mais novo bobo da corte do SPFC (aliás, que escola a criada por Marco Aurélio Cunha!!!) atinja Diego à pretexto de falar do árbitro da partida.
O amante do futebol compreende Diego, um dos poucos no elenco alviverde a incorporar o espírito de competição e a vontade de vencer necessários em uma decisão. Pudera o Palmeiras ter 11 Diegos em campo. Quiçá 9, tão dispostos quanto ele para se juntarem à Marcos e Pierre.
Não é apenas de talento, lindos gols e passes perfeitos que se faz um ídolo. Diego possui essas qualidades. Mas um ídolo precisa de atitude. E a reação de Diego foi a reação de um homem de atitude. Foi o transbordar de uma frustração enorme em não ter conseguido transformar toda sua raça e qualidade em vitória. Apesar da expulsão e do provável gancho que pegará, Diego saiu de campo consagrado como um ídolo. Ao contrário do apagado Keirrison, que sumiu nos momentos em que o time mais dele precisou.
Chego a importar-me pouco com a eliminação do meu time do coração nas semifinais de um já desgastado, porém importante, Paulistão. No último sábado, algo muito maior foi conquistado: uma conquista pessoal de Diego; uma conquista para toda torcida do Palmeiras.
A partir do dia 18 de abril de 2009, Diego passou a contar com a confiança e apoio irrestrito do torcedor alviverde. Não há gancho ou punição que lhe possa roubar isso. É verdade que Diego precisa amadurecer para não cair em provocações fúteis como a do grosso Domingos. E é importante que a sua atitude violenta não se repita. Mas por sua hombridade, Diego precisa ser respeitado e aplaudido, não crucificado.
O futebol me relembra mais uma vez uma importante lição de vida. Raça e gana de vencer são sempre mais importantes que a vitória. O erro é irrelevante e perdoável quando é cometido pelos motivos certos, com vontade de acertar. Diego foi injustiçado no último sábado porque ele merecia a vitória. Porque merecia companheiros mais dignos atuando ao seu lado.
No final da partida de sábado, Diego trouxe o lado humano, emocional e verdadeiro de um homem volta ao campo. Em proporções muito menores, fez o que Zidane quando este devolveu o mundo do futebol à realidade, mandando às favas a frieza profissional e as regras do jogo.
Diego libertou o torcedor do sofrimento de uma derrota sem luta. Diego forjou-se ídolo na raça e na atitude. Não no embalo alegre da vitória.
Diego perdeu, mas deixou o campo de cabeça erguida. Domingos e muitos dos companheiros de Diego não puderam fazer o mesmo.
Ps1: Digam o que quiserem. Eu estou com Diego e não abro.
Ps2: Leiam o ótimo post Sete Belo do Cruz sobre isso.
Há 4 anos
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