sexta-feira, 17 de julho de 2009

Chorei

Chorei,
Mas de meu rosto não escorreu sequer uma lágrima, sequer um pouco de água e sal capaz de borrar letras tristes num papel.

Chorei três vezes, sequer uma lágrima.

Gritei, mas não se ouviu a queda de uma agulha, não se ouviu sequer o farfalhar das folhas nos galhos, não se ouviram grilos nem cigarras. Não se ouviu.

Gritei mais de três vezes. Gritei mais de dez vezes, até ouvir o silêncio ecoar em meu peito.

Sonhei, como sonham crianças. Sonhei acordado. Sonhei mais de uma vez. Mais de três, mais de dez. Sonhei incontáveis noites sem sono em transformar a realidade que não me deixa dormir. Sonhei com as lágrimas acumuladas em meu peito.

Sonhei mais de uma vez. Sonhava acordado.

Cantei baixinho. Era uma melodia triste e fiquei melancólico. Atravessei o inverno, recolhi folhas e flores e frutos. E não se ouviu as folhas farfalharem no vento que abafou meu canto.

E eis que agora ouso derrubar uma gota. Esboçar uma palavra. Transformo o sonho em realidade e a realidade em sonho. E os olhares desconfiados pairam sobre mim, o pobre coitado.

Chorei de rir, engolindo mágoas e sorrisos.

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