sábado, 23 de fevereiro de 2008

Incoerências

Não há inspiração,
não há,
para arrancar-me do peito aquilo que há de mais profundo,
todo amor e ódio do mundo,
não há.

Não há sorriso capaz de receber,
toda a alegria que sinto.
Não há pessoa capaz de entender,
todo sentimento que omito.
não há.

Haverá alguma forma ou sentido,
algum jeito de aliviar esse peito doído,
o coração latejante, batido?

Haverá lágrima que concentre tanta emoção,
minha insatisfação,
meu medo,
meu carinho,
meu beijo sem dono?

Haverá de ser um lágrima pesada,
água suja, triste e abortada?
Uma lágrima que não sai de mim,
que oprime minha pobre risada,
que enverga minhas costas cansadas.
Uma lágrima que não sai de mim,
gota de uma tonelada.
Uma lágrima feia, incolor, dolorida
Colorida por tintas borradas.
Por manchas de dores distintas,
uma lágrima não derramada.

... Pausa para um respiro ...
... Tempo para um choro contido ...
... E retomamos ...

Terei eu tanta e tamanha compaixão,
de me aceitar em minha própria incoerência?
Serei eu, capaz e sábio e um tanto tolo,
de aceitar em mim a minha diferença?

Ou serei eu um tolo, tonto e intolerante?
Incapaz de me contradizer amante?
Incapaz de me desmanchar em sonho,
um cara, triste, bobo, chato e enfadonho?

Haverão braços, que recebam este abraço?
Haverão?
Haverá boca para derramar meu mel?
Sequer um beiço que me alce ao céu?
Haverá?

Fico forte, fico frágil - inconsistência.
Em conflito com a própria consciência.
Detono e engulo esta explosão, todo o momento,
Reprimo a raiva, o grito, o choro e o sofrimento

Ela está aqui,
está viva dentro de mim,
preciso deixá-la para trás,
preciso deixá-la sair,
a gota inunda meus olhos,
mas não cai.

O peito insinua um sentimento,
escrevo uma linha torta,
o choro me bate à porta,
mas não sai.

Haverá quem escute esse pranto contido,
do fundo de um quarto de hotel?
Não há!
Faz frio lá fora,
E neva no meu coração.
No mau tempo, não posso voar.
Mas o dia haverá de raiar...
Haverá?

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